domingo, 6 de junho de 2010
Adubação Nitrogenada na Cana Geraldo Pinheiro
No agrossistema da cana-de-açúcar, nas condições brasileiras, a resposta à adubação nitrogenada de cana-planta ainda é uma questão não totalmente esclarecida e a utilização de fertilizantes nitrogenados marcados com 15N pode auxiliar no entendimento dessa lacuna. Nesse sentido, foram desenvolvidos dois experimentos em áreas comerciais das Usinas São Luiz (LATOSSOLO VERMELHO AMARELO eutrófico) e Santa Adélia (LATOSSOLO VERMELHO distrófico típico). O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso e os tratamentos foram 3 doses de N (40, 80 e 120 kg ha-1 de N na forma de uréia) mais uma testemunha. No centro das parcelas com doses de N foram instaladas microparcelas que receberam a uréia-15N. Os experimentos foram instalados em 28/02/2005 e 04/04/2005, respectivamente, na Usina São Luiz (USL) e Usina Santa Adélia (USA). Antes da instalação do experimento USA realizou-se uma estimativa do estoque de nutrientes dos resíduos culturais e constatou-se que cerca de 200 kg ha-1 de N na forma orgânica foram incorporados ao solo na reforma do canavial. Durante o crescimento da cana-planta foram realizadas amostragens de fitomassa da parte aérea. Nessas amostragens determinou-se o acúmulo de matéria seca. No estádio de máximo crescimento foram colhidas amostras de folhas +1 para avaliação do estado nutricional. As colheitas dos experimentos foram efetuadas em 15/06/2006 na USL e 18/07/2006 na USA. O acúmulo de matéria seca pela parte aérea da cana-planta apresentou forma sigmóide de crescimento, característica de crescimento vegetal, independente da dose de N. A fase de máximo crescimento da cana-planta ocorreu de setembro a abril, quando as condições climáticas foram mais favoráveis ao desenvolvimento da cultura. A adubação nitrogenada aumentou os teores dos nutrientes N, K, Mg e S nas folhas-diagnóstico. A recuperação (%) de uréia-15N obtida na colheita da cana-planta foi, na média dos experimentos, de 30, 30 e 21%, respectivamente, para as doses de 40, 80 e 120 kg ha-1 de N. A menor recuperação do N-uréia nas maiores doses, especialmente na de 120 kg ha-1, foi devido às perdas de N do sistema solo-planta. O aproveitamento do N da uréia representou em média 11,7% do nitrogênio total acumulado na planta toda. A adubação nitrogenada aumentou a extração de nutrientes pela planta toda nos dois experimentos e proporcionou maiores acúmulos de nutrientes na parte subterrânea da cultura. Na média dos experimentos e considerando a exigência nutricional da planta toda, para a produção de 1TCH (tonelada de colmos por hectare) foram extraídos: 1,38 kg de N, 0,15 kg de P, 3,24 kg de K, 0,60 kg de Ca, 0,26 kg de Mg, 0,28 kg de S, 53 g de Fe, 15 g de Mn, 2,2 g de Zn, 1,3 g de B e 0,6 g de Cu. A adubação nitrogenada aumentou a TCH no experimento da USL, enquanto que na USA não houve resposta. A adubação nitrogenada interferiu nos atributos tecnológicos dos colmos na USA, porém sem efeito na USL. A adubação nitrogenada aumentou significativamente a produção de açúcar por hectare nos dois experimentos. A maior margem de contribuição agrícola nos dois experimentos foi obtida com a dose de 40 kg ha-1 de N.
terça-feira, 25 de maio de 2010
CONTROLE DAS PLANTAS DANINHAS NA CANA DE AÇUCAR- (bruno souza )
Introdução
Na implantação de uma área agrícola através de um sistema de cultivo,
há sérias e significativas transformações nos subsistemas geomórfico, edáfico
e biológico, tornando-os mais simples (agroecossistema), em comparação com
o ecossistema, este, um sistema mais complexo. Está transformação resulta
na diminuição drástica da capacidade de auto-regulação do sistema,
tornando-o, assim, mais instável e susceptível a entradas de energia. Uma
das principais conseqüências desta transformação é o aumento exagerado
das populações de determinadas espécies de insetos, microrganismos,
nematóides e plantas silvestres, de tal forma, a se tornarem pragas agrícolas;
e assim, comprometendo de forma significativa à produção, e de modo geral,
inviabilizando economicamente a unidade produtiva.
Quando há aumento populacional exagerado das plantas silvestres, estás
se tornam daninhas, que diferentemente de outras pragas agrícolas, têm por
característica, estarem sempre presentes nos agroecossistemas e responsáveis
diretas (competição, alelopatia etc.) ou indiretamente (reservatório de
patógenos, atrativas para insetos-praga etc.) pela diminuição drástica na
produção econômica das culturas.
técnico em produçao agopecúaria
INTOXICAÇÃO POR URÉIA ( Paulo Sergio )
Etiologia:A uréia é utilizada como fonte protéica de baixo custo na produção de rações para bovinos confinados e também como fator de incentivo ao consumo de forragens volumosas de baixa qualidade. A toxidez da uréia é mais freqüente quando esta é fornecida em grandes quantidades ou devido à falta de homogeneidade da mistura. Outros fatores que podem contribuir para a intoxicação são a deficiência de carboidratos digestíveis na ração, a baixa qualidade da forragem consumida ou debilidade orgânica do animal por fraqueza ou jejum.
Patogenia:A uréia quando alcança o rúmen sofre ação da urease e é então desdobrada em amônia e dióxido de carbono, sendo a amônia utilizada como fonte de nitrogênio para síntese de proteínas pelos microorganismos ruminais.
A maioria dos autores acredita que o mecanismo de intoxicação aguda em ruminantes seja decorrente do excesso de amônia absorvido que excede a capacidade detoxicadora do fígado e tamponante do sangue. Isto ocorre principalmente em pH elevado, devido à grande quantidade de amônia presente, quando há então aumento da permeabilidade da parede ruminal. Alguns autores acreditam que o verdadeiro causador da intoxicação seja o ácido oxálico, que é liberado pelo carbamato de amônia, após certas reações em pH elevado.
A quantidade de uréia necessária para provocar o quadro de intoxicação depende de diversos fatores, principalmente velocidade de ingestão, pH do rúmen e grau de adaptação do animal. Geralmente, níveis de 0,45 a 0,50 g de uréia/kg PV, ingeridos num curto espaço de tempo, provocam intoxicação em animais não adaptados.
Sintomas Clínicos: Na maior parte dos casos, os sintomas se iniciam 20 a 30 minutos após a ingestão da uréia, podendo, em alguns animais, este período se prolongar em até uma hora. Apatia, tremores musculares e da pele, salivação excessiva, micção e defecação freqüentes, respiração acelerada, incoordenação, dores abdominais, enrijecimento dos membros anteriores, prostração, tetania, convulsões, colapso circulatório, asfixia e morte são os sinais clínicos da intoxicação. Pode ocorrer timpanismo em alguns casos.
Achados de Necropsia:Podem ser observadas irritação excessiva do rúmen, cheiro de amônia, congestão e edema pulmonar, hemorragias endo e epicárdicas, abomasite leve, congestão e degeneração do rim e fígado.
Diagnóstico:Deve se basear nos sintomas acima descritos e no histórico de alimentação recente com uréia.
Tratamento:O tratamento deve ser feito rapidamente, através do uso de ácidos fracos (vinagre ou ácido acético a 5%,VO, 3 a 6 l/an. adulto, a cada 6 ou 8 horas) que além de baixar o pH, diminuindo a hidrólise da uréia, formam compostos com a amônia (acetato de amônia), reduzindo assim sua absorção. Devem ser tomados os devidos cuidados para se evitar uma possível falsa via, ao se forçar a ingestão, se possível utilizar sonda oroesofágica. Bartley et al. (1976) afirmam que o esvaziamento do rúmen, através de abertura cirúrgica na fossa paralombar, mostrou-se superior ao ácido acético para o tratamento de casos experimentais de intoxicação por uréia. A água gelada em grandes quantidades (20-40 l/animal) também pode ser usada para reduzir a temperatura ruminal e diminuir a ureálise. Outros medicamentos poderão ser usados para alívio dos sintomas, tais como, soluções de cálcio e magnésio, soluções de glicose e laxativos.
Prevenção:A adoção de um correto esquema de adaptação gradual do animal a dietas com uréia, assim como uma correta homogeneização da mistura são as medidas mais indicadas para a prevenção do problema. Recomenda-se um período de adaptação de duas a quatro semanas, em função do nível e forma de fornecimento da uréia. O total de uréia não deve exceder a 3% do concentrado ou 1% da matéria seca da ração. Animais que ficam mais de três dias sem receber uréia, devem passar por um novo período de adaptação, visto que a tolerância é perdida rapidamente pelo fígado (biossíntese de uréia a níveis desejados). Animais em jejum, fracos ou com dietas pobres em proteína e energia também são mais susceptíveis.
A uréia não apresenta efeitos residuais no organismo.
Na Zona Bragantina, a precipitação pluviométrica, temperatura e radiação solar são favoráveis à produção forrageira durante praticamente o ano inteiro, diferente do extremo sul do Estado do Pará. No entanto, no que diz respeito à fertilidade dos solos, especialmente à disponibilidade de nutrientes, há certas restrições. Na quase totalidade dos solos dessa zona, alguns nutrientes essenciais se encontram aquém do mínimo aceitável para a formação e crescimento das pastagens. O elemento considerado mais crítico é o fósforo, embora outros macroelementos como nitrogênio, potássio e cálcio podem também faltar, principalmente em sistemas mais intensivos de utilização de pastagem (Veiga, 1995).
As pastagens são a mais barata e prática fonte de alimento para os rebanhos leiteiros nas regiões tropicais úmidas, como a Zona Bragantina. Por isso, em área ocupada, são o principal uso-da-terra nas explorações leiteiras da região. No entanto, para alimentar eficientemente as vacas leiteiras, as pastagens devem fornecer quantidades adequadas de forragem de boa a alta qualidade. Daí, a importância de melhorar cada vez mais as pastagens. Apenas algumas propriedades mais especializadas fornecem, no cocho, forragem de capineira ou ração concentrada para as vacas em produção.
Na Zona Bragantina, a principal gramínea utilizada para formação de pastagem é o quicuio-da-amazônia (Brachiaria humidicola), presente em mais de 90% das propriedades. Essa gramínea é caracterizada por sua rusticidade, agressividade, adaptação a solos ácidos e pouco férteis e excelente cobertura do solo, embora o seu valor nutritivo seja relativamente baixo. A segunda gramínea mais representativa na região é o braquiarão (Brachiaria brizantha cv. Marandu).
Sintomas de problemas das pastagens
Os principais sintomas de problemas das pastagens nos sistemas de produção leiteira da Zona Bragantina são listados na Tabela 1.
Tabela 1. Sintomas de problemas das pastagens nos sistemas de produção leiteira da Zona Bragantina.
Sintoma de problema Possíveis causas
Relativo a produção de forragem
A produção de forragem ou o crescimento do capim é insuficiente.
Com o tempo a "juquira" domina e a pastagem se degrada .
A produção do leite por ha é baixa*
Capim não apropiado
Formação deficiente
Lotação alta
Falta de descanço ou descanço curto
Controle deficiente da "juquira"
Fogo excessivo
Falta de nutrientes no solo
Ataque de insetos e doenças
Relativo ao valor nutritivo da forragem produzida
O capim seca e produz muito talo e palha e pouca folha
Mesmo sobrando forragem, a produção de leite por vaca é baixa*
Capim não apropriado
Muito baixa lotação
Longo período de descanso
Falta de nutrientes no solo
*Considerando vacas com potencial genético para produzir até 8 litros de leite por dia
Fonte: Veiga (2000)
Características desejáveis de uma espécie forrageira
Apesar de existirem sementes de várias forrageiras no mercado, nem todas são apropriadas para formação de pastagem para o gado leiteiro. Uma vaca em lactação necessita ingerir forragem rica, não só em energia digerível, como também em proteínas, vitaminas e minerais. No entanto, não se deve esquecer dos atributos produtivos das forrageiras que garantem a sua persistência e vigor da rebrota. As principais características desejáveis de uma forrageira para formação de pastagem para gado leiteiro na Zona Bragantina estão na Tabela 2.
Tabela 2. Características desejáveis de uma forrageira, na formação de pastagem para gado de leite, na Zona Bragantina.
Característica Especificação
Relativa a produção de forragem
Fácil formação Boa germinação das sementes e velocidade de enraizamento no solo
Agressividade / Competitividade Boa cobertura de solo, competição com a "juquira", adaptação ao solo de baixa fertilidade e rebrota após o pastejo
Tolerância 'a seca Não seca facilmente no verão
Tolerância 'as pragas Nãoé afetada por cigarrinhas-das-pastagens o lagartas
Produtividade Forrageira Elevada produção forrageira ao longo do ano
Relativa ao valor nutritivo da forragem produzida
Qualidade forrageira Por exemprlo, digestibilidade da matéria orgânica* maior que 55% e teor* de proteína maior que10%
Alta relação folha / caule Maior produção de folhas em relação ao caule ou colmo
* Da folha da forrageira.
Fone: Veiga et al. (2000)
Espécies forrageiras recomendadas
A experiência tem mostrado os riscos de prejuízos com o ataque de pragas e doenças, ocasionado pelo uso de uma única espécie ou variedade de forrageira. Além do mais, diversificar a pastagem aumenta as alternativas de se atender às demandas alimentares específicas de diferentes categorias ou espécies animais da propriedade. As gramíneas forrageiras, recomendadas na formação de pastagem para gado leiteiro na Zona Bragantina, são apresentadas a seguir.
Forrageiras rústicas e de boa tolerância a solos de baixa fertilidade e competitividade com as plantas daninhas (próprias para sistemas extensivos, com pouco ou nenhum uso de fertilizantes, exigindo menos esforço na limpeza das pastagens e sob manejo de pastejo contínuo ou rotativo):
Quicuio-da-amazônia _ de hábito de crescimento decumbente
Braquiarão (Brachiaria brizantha, cultivar Marandu) _ capim de crescimento semidecumbente
Forrageiras menos rústicas, mas com valor nutritivo relativamente maior (próprias para sistemas intensivos com uso de fertilizantes e sob manejo de pastejo rotativo):
Tobiatã (Panicum maximum, cultivar Tobiatã) - capim de toiceira.
Tanzânia (Panicum maximum, cultivar Tanzânia) - capim de toiceira.
Mombaça (Panicum maximum, cultivar Mombaça) - capim de toiceira.
Formação de pastagem
De modo geral, o processo de formação de pastagem segue as seguintes operações que podem ser efetuadas manualmente ou com uso de maquinário.
Limpeza da área
As áreas com vegetação de capoeira e "juquira" são as mais utilizadas para formação de pastagem na Zona Bragantina. No processo inteiramente manual, a limpeza é feita com o corte da vegetação. No processo mecanizado, as áreas destinadas ao plantio da pastagem são limpas com a lâmina de trator (tombamento e destoca). Os resíduos podem ser reunidos em montes ou leiras.
Preparo do solo
Essa operação só é efetuada quando a área foi limpa mecanicamente. Consta de uma aradura seguida de uma ou mais gradagens, para revolver, destorroar e nivelar o solo para o plantio.
Adubação
Em sistemas extensivos, normalmente o solo não é adubado na formação da pastagem, principalmente quando a área passou por um pousio e recuperou parcialmente a sua fertilidade. Porém, em sistemas intensivos, é recomendado pelo menos a adubação fosfatada, na base de 30 a 60 kg de P2O5/ha. Uma adubação completa inclui 30 a 60 kg de N, P2O5 e K2O/ha, conforme análise do solo. Adicionalmente, cálcio e magnésio podem ser adicionados via 500 kg de calcário dolomítico/ha. O adubo pode ser aplicado a lanço sobre o solo preparado ou na linha de plantio, quando essa operação for feita com máquina. No plantio de ramas e perfilhos, o adubo pode ser colocado no fundo da própria cova.
Plantio
Plantio em monocultivo - A qualidade da semente é crítica no estabelecimento de pastagem, pois dela depende todo o investimento feito no preparo da área. Os baixos índices de germinação e pureza das sementes de forrageira podem ser compensados pelo aumento na taxa de semeadura. Na falta de informações mais precisas sobre a qualidade da semente, recomenda-se em torno de 5-10 kg de semente de gramínea por ha. Em áreas limpas manualmente e, por conseguinte, sem preparo do solo, o plantio pode ser feito com plantadeira tico-tico ou matraca, no espaçamento de 0,5 x 1 m ou 1 x 1 m, o que requer menos semente. Quando o solo foi preparado, o plantio pode ser feito juntamente com a adubação, em linhas afastadas de até 0,8 m, utilizando a plantadeira-adubadeira. Em qualquer caso, o plantio pode ser feito a lanço, desde que se cubram as sementes com uma camada fina de terra, passando-se sobre a área plantada ramos de arbustos. Isso diminui o risco de arraste das sementes pela chuva e de ataque de pássaros. Por serem geralmente pequenas, as sementes devem ser plantadas superficialmente (no máximo 1 cm de profundidade), especialmente em solos arenosos, por causa do risco de dessecação. O plantio, usando ramas ou perfilhos com raiz pode ser feito em covas com profundidade de até 15 cm, no espaçamento de 1 x 1 m, 1 x 0,5 m ou em sulcos afastados de 1 m. Nesse caso, o tempo de formação é menor do que quando se usam sementes, entretanto, requer mais mão-de-obra. O tempo de formação, ou seja do plantio até o início do pastejo regular, varia de 4 a 6 meses, desde que seja feita pelo menos uma limpeza das plantas invasoras.
Plantio com cultura associada - Antes do plantio da pastagem, alguns produtores aproveitam o preparo da área para plantar arroz ou milho, como cultivo associado, diminuindo os custos da formação da pastagem. A pastagem pode ser plantada após 2 a 4 semanas do plantio daquelas culturas. Nesse caso, o plantio da forrageira é feito com plantadeira tico-tico ou matraca. Obviamente, dessa forma, a pastagem demora um pouco mais a se estabelecer.
Controle das plantas invasoras - A competição de invasoras, após a germinação, é um dos principais entraves para a formação da pastagem. O controle dessas plantas é mais eficaz no fim da época seca, para facilitar o crescimento da pastagem no início das chuvas.
Início do pastejo
O tempo para o primeiro pastejo e sua intensidade vão depender do desenvolvimento da pastagem em formação. Em condições ideais de chuva e sendo baixa a infestação de plantas invasoras, um pastejo leve (com baixa quantidade de animais por hectare) pode ser antecipado no final das chuvas subseqüentes, 4 a 5 meses após o plantio. De qualquer forma, não se deve submeter as pastagens recém-formadas a pastejos pesados (com elevada quantidade de animais por hectare), por períodos prolongados, no 1º ano de formação.
Controle das plantas invasoras
Geralmente é feito com a limpeza periódica das plantas invasoras de pastagem, comumente chamadas de juquira, uma vez a cada 2 ou 3 anos. Essa operação é mais eficaz no fim da época seca para beneficiar o crescimento da pastagem no início das chuvas. Em geral, essa operação é feita manualmente, porém em áreas destocadas, a roçadeira é mais eficiente. Embora à primeira vista haja uma certa vantagem do fogo no controle das plantas invasoras, em hipótese alguma se recomenda o seu uso, pois prejudica o solo e contribui para a degradação da pastagem em longo prazo.
Adubação de manutenção
Em sistemas menos intensivos, normalmente as adubações de manutenção só são efetuadas quando a pastagem apresentar sinais de declínio, geralmente a cada 3 anos, na base de 30 a 60 kg de P2O5/ha ou, mais completamente, de 30 a 60 kg de N, P2O5 e K2O/ha, conforme a análise de solo. O modo de aplicação é a lanço sobre a pastagem, após uma limpeza e no início das chuvas, de uma ou de duas vezes. Em sistema de pastejo rotacionado intensivo, com pastagem de alta produtividade e alta lotação animal, recomendam-se 50 a 100 kg de N, P2O5 e K2O/ha/ano, conforme a análise de solo. Nesse caso, a adubação dos piquetes é necessariamente parcelada, logo após cada pastejo ou cada dois pastejos.
Degradação de pastagem
O principal problema das pastagens cultivadas na região é a sua degradação. Uma pastagem é considerada degradada quando maior parte da sua superfície é representada por plantas invasoras ou solo descoberto. As causas dessa degradação incluem um ou mais dos seguintes fatores: formação deficiente, falta de manutenção (limpeza e adubação de manutenção), surto severo de pragas e doenças e deficiente manejo de pastagem ou de pastejo (alta lotação, falta de rotação de pastagem e/ou de descanso suficiente).
Recuperação de pastagem
Nos sistemas com baixa capacidade de investimento e quando houver condições de rebrota e re-semeio da pastagem, a recuperação é feita, geralmente, limpando-se e vedando-se a pastagem pelo tempo necessário. Também, o replantio de áreas falhas é recomendável. Quando é possível investir, os procedimentos incluem a eliminação da vegetação (derrubada, destoca e enleiramento, quando necessário), preparo do solo (aradura e gradagem), adubação (ver adubação de manutenção) e plantio de semente de alta qualidade (Veiga & Falesi, 1986; Veiga, 1995). Tanto nessa como em qualquer tecnologia que envolva investimentos, é muito importante uma análise de custo/benefício, antes da adoção na prática.
Pragas de pastagem
Historicamente, o mais grave problema fitossanitário das pastagens na Zona Bragantina foi a cigarrinha-das-pastagens (Deois incompleta), inseto do tipo sugador, que ataca, principalmente, as espécies de gramíneas forrageiras do gênero Brachiaria, especialmente a B. decumbens, que foi dizimada da região na década de 1960, e o quicuio-da-amazônia (B. humidicola). A introdução e o avanço da pastagem de braquiarão na região foram motivados pela sua tolerância àquela praga, além de sua alta rusticidade. Foi verificado que pastagens intensamente manejadas (elevadas cargas animais ou pastejo baixo), sem reposição de nutrientes no solo, enfraquecem a pastagem de tal modo, diminuindo sua resistência aos ataques dessa praga, para a qual o controle químico não é prático.
Os danos das lagartas Spodoptera frugiperda e Mocis latipes, que consomem rapidamente as folhas da pastagem, chegam a preocupar há alguns anos. Porém, na maioria das vezes, são surtos rápidos e esporádicos, ocorrendo, principalmente, no início das chuvas, não se constituindo em grande ameaça. Embora infestações localizadas possam ser combatidas com inseticidas organofosforados, carbomatos ou piretróides, o controle químico não é recomendado em grandes áreas.
Recentemente, vêm se constatando, em todo o País, casos de morte de pastagem de braquiarão, cuja provável causa tem sido atribuída à ação de fungos do solo (Pythium periilum, Rhizoctonia solani e uma espécie de Fusarium), cujo ataque é estimulado em pastagens sob estresse de umidade, nutricional e de manejo (Teixeira Neto et al. 2000). No Acre há indicações de que pastagens de braquiarão, estabelecidas em solos mais argilosos e de difícil drenagem, do tipo podzólico, tenham morrido por estresse de umidade (Valentim et al. 2000). Os danos causados por essa doença vêm preocupando produtores e técnicos da Região Amazônica, exigindo pesquisas para sua solução, antes do agravamento da situação
Rotação de piquetes (Sidnei Pires)
Manter o gado em pastagens extensas apresenta uma série de inconvenientes, entre os quais: menor aproveitamento das forrageiras; menor controle sobre os animais; baixo rendimento de carne ou de leite e reprodução mal orientada. Por esses motivos, devemos adotar o sistema de rotação de pastagens.
Esse sistema consiste em dividirmos os pastos de grande extensão, em piquetes, cujas áreas serão calculadas de acordo com o número e a categoria , a idade e a produção das reses a serem neles colocadas para o pastoreio e o tamanho da propriedade.
Normalmente, os pastos comuns, extensos, podem comportar , em média , 2 unidades/animal por hectare, enquanto que, pelo sistema de rotação de pastagens, na mesma área podem ser colocadas 8 unidades/ animal , ou seja, 9,3 cabeças de gado. Além disso, o rendimento dos animais é bem maior do que quando eles pastam em maiores áreas.
Outra vantagem dos piquetes é que a reprodução dos animais e os cuidados com as crias se tornam muito mais práticos e fáceis.Naturalmente, o número e as áreas dos piquetes, devem variar, de acordo com as necessidades da criação e o tamanho do imóvel em que estão localizadas.
Importante, também, para manter a qualidade e o rendimento das pastagens ou piquetes, é promover, periodicamente, a sua adubação. Não devemos deixar, também, que o gado permaneça durante muito tempo, em um só piquete, para que a sua vegetação não seja muito sacrificada, por ser cortada muito baixa, o que dificultaria, também, a sua nova brotação.
A divisão em piquetes, com a rotação das pastagens, aumenta significativamente, tanto a produtividade dos rebanhos para a produção de leite quando para a produção de carne. Isso ocorre, também, nas criações de outras espécies domésticas como as de ovinos, caprinos, bubalinos, etc.
Importante também é que, em cada piquete, sejam colocados permanentemente um bebedouro com água limpa e fresca, um cocho para rações e forrageiras, quando necessárias e um cocho menor, para sal e elementos minerais. Para que as pastagens não se esgotem, devem se adubadas normalmente, com adubos orgânicos além de , também, com 250 quilos de nitrogênio, por hectare e por ano.
Com esses cuidados, os piquetes podem manter o dobro dos animais que comportam, normalmente, as pastagens comuns ou normais. Quanto às forrageiras, devem ser plantadas as que já existam e produzam bem, na região ou as que trazidas de fora, a ela se adaptem muito bem.
As grandes vantagens da rotação de pastagens são a possibilidade de melhor aproveitamento da área total disponível e a maior produtividade dos animais que ela proporciona. Outra vantagem dos piquetes é que permitem um maior e melhor aproveitamento das áreas montanhosas mas, nesses casos, principalmente, é necessário manter o solo sempre adubado e com uma camada de material orgânico Essa adubação deve ser se realizada , de preferência no período das chuvas ou quando o solo está bem úmido. Importante, e muito, é não deixar nunca que o solo fique esgotado.
O período em que o rebanho deve ser mantido em um piquete varia de acordo com as condições das pastagens, o tipo, idade ou produção dos animais e nunca deve ser ultrapassado, para evitar que as forrageiras sejam prejudicadas, com os prejuízos disso resultante.
terça-feira, 18 de maio de 2010
(José Geraldo e Wesley Souza)
O que é
A Polioencefalomalácia ou Necrose Cérebrocortical (NCC) é uma desordem metabólica aguda, de causa não infecciosa que acomete ruminantes de todas as idades, sendo que no Brasil os animais adultos a campo são os mais afetados. São várias as causas dessa doença e muitas ainda são desconhecidas. Antigamente, a deficiência de tiamina (vitamina B1) era atribuída como causa. Hoje outras causas são apontadas, como alto consumo de enxofre, ingestão de carcaças, mudanças bruscas na alimentação, principalmente quando animais mantidos em pastagens ruins são introduzidos em pastos de excelente qualidade e intoxicação por cloreto de sódio. É caracterizada clinicamente pelo aparecimento súbito de cegueira, decúbito e sintomatologia nervosa.
Como reconhecer
Os sinais clínicos caracterizam-se por andar cambaleante e em círculos, incoordenação, tremores musculares, cegueira total ou parcial, opistótono, nistagmo e estrabismo. Os animais afastam-se do rebanho e muitos são encontrados em decúbito lateral ou esternal. Nas fases iniciais o animal pode apresentar certa agressividade e excitação. Se os animais não forem tratados com tiamina, a morte ocorre geralmente 2 a 3 dias após o aparecimento dos sinais clínicos, entretanto, alguns animais morrem poucas horas após e outros permanecem até 10 dias em decúbito.
Ocorre melhora do quadro clínico quando o tratamento com tiamina (vitamina B1) é realizado no início da doença.
Como tratar
O tratamento consiste na aplicação de 10-20 mg de Vitamina B1/ kg de peso vivo e 0,2 mg de Dexametasona/ kg de peso vivo por via intramuscular, repetido de 12 em 12 horas durante 3 dias.
Trata-se de uma emergência em medicina veterinária, pois quanto mais o tempo passa, maiores são as lesões no sistema nervoso. A cura pode ocorrer quando o tratamento com tiamina é realizado no início dos sintomas clínicos, sendo as lesões reversíveis até certo ponto.
Como evitar
Como não estão definidos, ainda, os fatores que desencadeiam a PEM, não é possível recomendar medidas de controle ou preventivas.
Tetano Equino (Paulo Henrique Ervolino)
O Tétano é uma toxi-infecção aguda, que atinge o homem e animais domésticos, causada pela toxina do clostribium tetani ou Bacilo de Nicolaier, e que se caracteriza pelo aparecimento de espasmos musculCavalo
Doenças e Afecções - Tétano
O Tétano é uma toxi-infecção aguda, que atinge o homem e animais domésticos, causada pela toxina do clostribium tetani ou Bacilo de Nicolaier, e que se caracteriza pelo aparecimento de espasmos musculares tônicos e hiperexcitabilidade reflexa.
Os equinos são particularmente suscetíveis, mas a ocorrência é realtivamente rara. A infecção se dá geralmente através de feridas acidentais ou cirúrgicas, em contato com o esterco e com a terra, principalmente se esta tiver sido estercada. Os potros recém-nascidos estão sujeitos à infecção umbilical.
Este bacilo forma esporos com capacidade de persistência no solo durante anos. Resistente à fervura de 100ºC por 60 min. Os esporos do bacilo tetânico são freqüentes nas fezes de animais, principalmente de eqüinos, e em cerca de 40% das amostras de solos.
A transmissão se dá nos solos cultivados, currais e estábulos que, são as mais comuns fontes de infecção e as portas de entrada do bacilo são as feridas profundas não-arejadas, onde os esporos podem permanecer latentes por algum tempo nestes tecidos, somente produzindo a enfermidade em condições favoráveis de proliferação.
Nos eqüinos o acesso da infecção se dá com maior freqüência em lesões nos cascos (pregos etc.), cordão umbilical, aparelho genital etc.
Nos bovinos pode-se instalar através de feridas resultantes de colocação de argola no focinho; da amputação dos chifres; da castração e de traumatismo da parição.
Depois que penetram no organismo, as bactérias e seus esporos elaboram duas potentes toxinas ou venenos, que entram na corrente sangüínea e vão agir nos grandes centros nervosos e também produzir espasmos tônico-clônicos.
SINTOMAS - O período de incubação varia normalmente de uma a três semanas, porém, às vezes, dura até quatro meses. É mais curto nos animais novos. Os principais sintomas são:
• mastigação fraca e degliutição lenta e difícil;
• rigidez muscular;
• protusão da membrana nicititante;
• ereção da orelha;
• ventre recolhido;
• pescoço estendido para a frente e a cabeça mais ou menos fixa;
• patas abertas e tesas, lembrando um cavalete;
• narinas dilatadas;
• movimentos cada vez mais lentos até a imobilização total;
• espasmos generalizados;
• tremores musculares, quando o animal é excitado.
A morte vem através do esgotamento, paralisia dos órgãos internos ou pneumonia. Algumas vezes, no curso do tétano, pode haver remissões dos sintomas gerais, o que dá uma falsa impressão de melhora do animal.
PROFILAXIA - O tétano pode ser evitado:
• vacinando o animal anualmente.
• usando soro anti-tetânico antes das itervenções cirurgicas ou depois de ferimentos que possam facilitar a infecção;
• evitando o contato das feridas profundas com terra ou qualquer sujeira;
• cuidando da assepsia do instrumento cirúrgico e da antissepisia das feridas;
• desinfetar, tão cedo quanto possível, feridas recentes dos eqüinos;
• eliminando os objetos pontiagudos que possam causar ferimentos acidentais.
TRATAMENTO - O tratamento é difícil e problemático, devendo-se chamar um veterinário que poderá usar vários recursos em animais de valor, entre eles:
• limpar as feridas, lavá-las com água oxigenada e aplicar anti-séptico adequado;
• aplicação de Soro Anti-tetânico em doses maciças, acima de 100 000 unidades, por via endovenosa e repiti-las quando necessário;
• dar alimentação líquida, de fácil deglutição;
• conservar o doente em local abrigado e sosegado, se possível isolado e escuro;
• quando o animal não puder permanecer de pé, suspendê-lo com uma faixa e colocar a água e os alimentos à altura da boca.
ares tônicos e hiperexcitabilidade reflexa.
Os equinos são particularmente suscetíveis, mas a ocorrência é realtivamente rara. A infecção se dá geralmente através de feridas acidentais ou cirúrgicas, em contato com o esterco e com a terra, principalmente se esta tiver sido estercada. Os potros recém-nascidos estão sujeitos à infecção umbilical.
Este bacilo forma esporos com capacidade de persistência no solo durante anos. Resistente à fervura de 100ºC por 60 min. Os esporos do bacilo tetânico são freqüentes nas fezes de animais, principalmente de eqüinos, e em cerca de 40% das amostras de solos.
A transmissão se dá nos solos cultivados, currais e estábulos que, são as mais comuns fontes de infecção e as portas de entrada do bacilo são as feridas profundas não-arejadas, onde os esporos podem permanecer latentes por algum tempo nestes tecidos, somente produzindo a enfermidade em condições favoráveis de proliferação.
Nos eqüinos o acesso da infecção se dá com maior freqüência em lesões nos cascos (pregos etc.), cordão umbilical, aparelho genital etc.
Nos bovinos pode-se instalar através de feridas resultantes de colocação de argola no focinho; da amputação dos chifres; da castração e de traumatismo da parição.
Depois que penetram no organismo, as bactérias e seus esporos elaboram duas potentes toxinas ou venenos, que entram na corrente sangüínea e vão agir nos grandes centros nervosos e também produzir espasmos tônico-clônicos.
SINTOMAS - O período de incubação varia normalmente de uma a três semanas, porém, às vezes, dura até quatro meses. É mais curto nos animais novos. Os principais sintomas são:
• mastigação fraca e degliutição lenta e difícil;
• rigidez muscular;
• protusão da membrana nicititante;
• ereção da orelha;
• ventre recolhido;
• pescoço estendido para a frente e a cabeça mais ou menos fixa;
• patas abertas e tesas, lembrando um cavalete;
• narinas dilatadas;
• movimentos cada vez mais lentos até a imobilização total;
• espasmos generalizados;
• tremores musculares, quando o animal é excitado.
A morte vem através do esgotamento, paralisia dos órgãos internos ou pneumonia. Algumas vezes, no curso do tétano, pode haver remissões dos sintomas gerais, o que dá uma falsa impressão de melhora do animal.
PROFILAXIA - O tétano pode ser evitado:
• vacinando o animal anualmente.
• usando soro anti-tetânico antes das itervenções cirurgicas ou depois de ferimentos que possam facilitar a infecção;
• evitando o contato das feridas profundas com terra ou qualquer sujeira;
• cuidando da assepsia do instrumento cirúrgico e da antissepisia das feridas;
• desinfetar, tão cedo quanto possível, feridas recentes dos eqüinos;
• eliminando os objetos pontiagudos que possam causar ferimentos acidentais.
TRATAMENTO - O tratamento é difícil e problemático, devendo-se chamar um veterinário que poderá usar vários recursos em animais de valor, entre eles:
• limpar as feridas, lavá-las com água oxigenada e aplicar anti-séptico adequado;
• aplicação de Soro Anti-tetânico em doses maciças, acima de 100 000 unidades, por via endovenosa e repiti-las quando necessário;
• dar alimentação líquida, de fácil deglutição;
• conservar o doente em local abrigado e sosegado, se possível isolado e escuro;
• quando o animal não puder permanecer de pé, suspendê-lo com uma faixa e colocar a água e os alimentos à altura da boca.