domingo, 6 de junho de 2010
Adubação Nitrogenada na Cana Geraldo Pinheiro
No agrossistema da cana-de-açúcar, nas condições brasileiras, a resposta à adubação nitrogenada de cana-planta ainda é uma questão não totalmente esclarecida e a utilização de fertilizantes nitrogenados marcados com 15N pode auxiliar no entendimento dessa lacuna. Nesse sentido, foram desenvolvidos dois experimentos em áreas comerciais das Usinas São Luiz (LATOSSOLO VERMELHO AMARELO eutrófico) e Santa Adélia (LATOSSOLO VERMELHO distrófico típico). O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso e os tratamentos foram 3 doses de N (40, 80 e 120 kg ha-1 de N na forma de uréia) mais uma testemunha. No centro das parcelas com doses de N foram instaladas microparcelas que receberam a uréia-15N. Os experimentos foram instalados em 28/02/2005 e 04/04/2005, respectivamente, na Usina São Luiz (USL) e Usina Santa Adélia (USA). Antes da instalação do experimento USA realizou-se uma estimativa do estoque de nutrientes dos resíduos culturais e constatou-se que cerca de 200 kg ha-1 de N na forma orgânica foram incorporados ao solo na reforma do canavial. Durante o crescimento da cana-planta foram realizadas amostragens de fitomassa da parte aérea. Nessas amostragens determinou-se o acúmulo de matéria seca. No estádio de máximo crescimento foram colhidas amostras de folhas +1 para avaliação do estado nutricional. As colheitas dos experimentos foram efetuadas em 15/06/2006 na USL e 18/07/2006 na USA. O acúmulo de matéria seca pela parte aérea da cana-planta apresentou forma sigmóide de crescimento, característica de crescimento vegetal, independente da dose de N. A fase de máximo crescimento da cana-planta ocorreu de setembro a abril, quando as condições climáticas foram mais favoráveis ao desenvolvimento da cultura. A adubação nitrogenada aumentou os teores dos nutrientes N, K, Mg e S nas folhas-diagnóstico. A recuperação (%) de uréia-15N obtida na colheita da cana-planta foi, na média dos experimentos, de 30, 30 e 21%, respectivamente, para as doses de 40, 80 e 120 kg ha-1 de N. A menor recuperação do N-uréia nas maiores doses, especialmente na de 120 kg ha-1, foi devido às perdas de N do sistema solo-planta. O aproveitamento do N da uréia representou em média 11,7% do nitrogênio total acumulado na planta toda. A adubação nitrogenada aumentou a extração de nutrientes pela planta toda nos dois experimentos e proporcionou maiores acúmulos de nutrientes na parte subterrânea da cultura. Na média dos experimentos e considerando a exigência nutricional da planta toda, para a produção de 1TCH (tonelada de colmos por hectare) foram extraídos: 1,38 kg de N, 0,15 kg de P, 3,24 kg de K, 0,60 kg de Ca, 0,26 kg de Mg, 0,28 kg de S, 53 g de Fe, 15 g de Mn, 2,2 g de Zn, 1,3 g de B e 0,6 g de Cu. A adubação nitrogenada aumentou a TCH no experimento da USL, enquanto que na USA não houve resposta. A adubação nitrogenada interferiu nos atributos tecnológicos dos colmos na USA, porém sem efeito na USL. A adubação nitrogenada aumentou significativamente a produção de açúcar por hectare nos dois experimentos. A maior margem de contribuição agrícola nos dois experimentos foi obtida com a dose de 40 kg ha-1 de N.
terça-feira, 25 de maio de 2010
CONTROLE DAS PLANTAS DANINHAS NA CANA DE AÇUCAR- (bruno souza )
Introdução
Na implantação de uma área agrícola através de um sistema de cultivo,
há sérias e significativas transformações nos subsistemas geomórfico, edáfico
e biológico, tornando-os mais simples (agroecossistema), em comparação com
o ecossistema, este, um sistema mais complexo. Está transformação resulta
na diminuição drástica da capacidade de auto-regulação do sistema,
tornando-o, assim, mais instável e susceptível a entradas de energia. Uma
das principais conseqüências desta transformação é o aumento exagerado
das populações de determinadas espécies de insetos, microrganismos,
nematóides e plantas silvestres, de tal forma, a se tornarem pragas agrícolas;
e assim, comprometendo de forma significativa à produção, e de modo geral,
inviabilizando economicamente a unidade produtiva.
Quando há aumento populacional exagerado das plantas silvestres, estás
se tornam daninhas, que diferentemente de outras pragas agrícolas, têm por
característica, estarem sempre presentes nos agroecossistemas e responsáveis
diretas (competição, alelopatia etc.) ou indiretamente (reservatório de
patógenos, atrativas para insetos-praga etc.) pela diminuição drástica na
produção econômica das culturas.
técnico em produçao agopecúaria
INTOXICAÇÃO POR URÉIA ( Paulo Sergio )
Etiologia:A uréia é utilizada como fonte protéica de baixo custo na produção de rações para bovinos confinados e também como fator de incentivo ao consumo de forragens volumosas de baixa qualidade. A toxidez da uréia é mais freqüente quando esta é fornecida em grandes quantidades ou devido à falta de homogeneidade da mistura. Outros fatores que podem contribuir para a intoxicação são a deficiência de carboidratos digestíveis na ração, a baixa qualidade da forragem consumida ou debilidade orgânica do animal por fraqueza ou jejum.
Patogenia:A uréia quando alcança o rúmen sofre ação da urease e é então desdobrada em amônia e dióxido de carbono, sendo a amônia utilizada como fonte de nitrogênio para síntese de proteínas pelos microorganismos ruminais.
A maioria dos autores acredita que o mecanismo de intoxicação aguda em ruminantes seja decorrente do excesso de amônia absorvido que excede a capacidade detoxicadora do fígado e tamponante do sangue. Isto ocorre principalmente em pH elevado, devido à grande quantidade de amônia presente, quando há então aumento da permeabilidade da parede ruminal. Alguns autores acreditam que o verdadeiro causador da intoxicação seja o ácido oxálico, que é liberado pelo carbamato de amônia, após certas reações em pH elevado.
A quantidade de uréia necessária para provocar o quadro de intoxicação depende de diversos fatores, principalmente velocidade de ingestão, pH do rúmen e grau de adaptação do animal. Geralmente, níveis de 0,45 a 0,50 g de uréia/kg PV, ingeridos num curto espaço de tempo, provocam intoxicação em animais não adaptados.
Sintomas Clínicos: Na maior parte dos casos, os sintomas se iniciam 20 a 30 minutos após a ingestão da uréia, podendo, em alguns animais, este período se prolongar em até uma hora. Apatia, tremores musculares e da pele, salivação excessiva, micção e defecação freqüentes, respiração acelerada, incoordenação, dores abdominais, enrijecimento dos membros anteriores, prostração, tetania, convulsões, colapso circulatório, asfixia e morte são os sinais clínicos da intoxicação. Pode ocorrer timpanismo em alguns casos.
Achados de Necropsia:Podem ser observadas irritação excessiva do rúmen, cheiro de amônia, congestão e edema pulmonar, hemorragias endo e epicárdicas, abomasite leve, congestão e degeneração do rim e fígado.
Diagnóstico:Deve se basear nos sintomas acima descritos e no histórico de alimentação recente com uréia.
Tratamento:O tratamento deve ser feito rapidamente, através do uso de ácidos fracos (vinagre ou ácido acético a 5%,VO, 3 a 6 l/an. adulto, a cada 6 ou 8 horas) que além de baixar o pH, diminuindo a hidrólise da uréia, formam compostos com a amônia (acetato de amônia), reduzindo assim sua absorção. Devem ser tomados os devidos cuidados para se evitar uma possível falsa via, ao se forçar a ingestão, se possível utilizar sonda oroesofágica. Bartley et al. (1976) afirmam que o esvaziamento do rúmen, através de abertura cirúrgica na fossa paralombar, mostrou-se superior ao ácido acético para o tratamento de casos experimentais de intoxicação por uréia. A água gelada em grandes quantidades (20-40 l/animal) também pode ser usada para reduzir a temperatura ruminal e diminuir a ureálise. Outros medicamentos poderão ser usados para alívio dos sintomas, tais como, soluções de cálcio e magnésio, soluções de glicose e laxativos.
Prevenção:A adoção de um correto esquema de adaptação gradual do animal a dietas com uréia, assim como uma correta homogeneização da mistura são as medidas mais indicadas para a prevenção do problema. Recomenda-se um período de adaptação de duas a quatro semanas, em função do nível e forma de fornecimento da uréia. O total de uréia não deve exceder a 3% do concentrado ou 1% da matéria seca da ração. Animais que ficam mais de três dias sem receber uréia, devem passar por um novo período de adaptação, visto que a tolerância é perdida rapidamente pelo fígado (biossíntese de uréia a níveis desejados). Animais em jejum, fracos ou com dietas pobres em proteína e energia também são mais susceptíveis.
A uréia não apresenta efeitos residuais no organismo.
Na Zona Bragantina, a precipitação pluviométrica, temperatura e radiação solar são favoráveis à produção forrageira durante praticamente o ano inteiro, diferente do extremo sul do Estado do Pará. No entanto, no que diz respeito à fertilidade dos solos, especialmente à disponibilidade de nutrientes, há certas restrições. Na quase totalidade dos solos dessa zona, alguns nutrientes essenciais se encontram aquém do mínimo aceitável para a formação e crescimento das pastagens. O elemento considerado mais crítico é o fósforo, embora outros macroelementos como nitrogênio, potássio e cálcio podem também faltar, principalmente em sistemas mais intensivos de utilização de pastagem (Veiga, 1995).
As pastagens são a mais barata e prática fonte de alimento para os rebanhos leiteiros nas regiões tropicais úmidas, como a Zona Bragantina. Por isso, em área ocupada, são o principal uso-da-terra nas explorações leiteiras da região. No entanto, para alimentar eficientemente as vacas leiteiras, as pastagens devem fornecer quantidades adequadas de forragem de boa a alta qualidade. Daí, a importância de melhorar cada vez mais as pastagens. Apenas algumas propriedades mais especializadas fornecem, no cocho, forragem de capineira ou ração concentrada para as vacas em produção.
Na Zona Bragantina, a principal gramínea utilizada para formação de pastagem é o quicuio-da-amazônia (Brachiaria humidicola), presente em mais de 90% das propriedades. Essa gramínea é caracterizada por sua rusticidade, agressividade, adaptação a solos ácidos e pouco férteis e excelente cobertura do solo, embora o seu valor nutritivo seja relativamente baixo. A segunda gramínea mais representativa na região é o braquiarão (Brachiaria brizantha cv. Marandu).
Sintomas de problemas das pastagens
Os principais sintomas de problemas das pastagens nos sistemas de produção leiteira da Zona Bragantina são listados na Tabela 1.
Tabela 1. Sintomas de problemas das pastagens nos sistemas de produção leiteira da Zona Bragantina.
Sintoma de problema Possíveis causas
Relativo a produção de forragem
A produção de forragem ou o crescimento do capim é insuficiente.
Com o tempo a "juquira" domina e a pastagem se degrada .
A produção do leite por ha é baixa*
Capim não apropiado
Formação deficiente
Lotação alta
Falta de descanço ou descanço curto
Controle deficiente da "juquira"
Fogo excessivo
Falta de nutrientes no solo
Ataque de insetos e doenças
Relativo ao valor nutritivo da forragem produzida
O capim seca e produz muito talo e palha e pouca folha
Mesmo sobrando forragem, a produção de leite por vaca é baixa*
Capim não apropriado
Muito baixa lotação
Longo período de descanso
Falta de nutrientes no solo
*Considerando vacas com potencial genético para produzir até 8 litros de leite por dia
Fonte: Veiga (2000)
Características desejáveis de uma espécie forrageira
Apesar de existirem sementes de várias forrageiras no mercado, nem todas são apropriadas para formação de pastagem para o gado leiteiro. Uma vaca em lactação necessita ingerir forragem rica, não só em energia digerível, como também em proteínas, vitaminas e minerais. No entanto, não se deve esquecer dos atributos produtivos das forrageiras que garantem a sua persistência e vigor da rebrota. As principais características desejáveis de uma forrageira para formação de pastagem para gado leiteiro na Zona Bragantina estão na Tabela 2.
Tabela 2. Características desejáveis de uma forrageira, na formação de pastagem para gado de leite, na Zona Bragantina.
Característica Especificação
Relativa a produção de forragem
Fácil formação Boa germinação das sementes e velocidade de enraizamento no solo
Agressividade / Competitividade Boa cobertura de solo, competição com a "juquira", adaptação ao solo de baixa fertilidade e rebrota após o pastejo
Tolerância 'a seca Não seca facilmente no verão
Tolerância 'as pragas Nãoé afetada por cigarrinhas-das-pastagens o lagartas
Produtividade Forrageira Elevada produção forrageira ao longo do ano
Relativa ao valor nutritivo da forragem produzida
Qualidade forrageira Por exemprlo, digestibilidade da matéria orgânica* maior que 55% e teor* de proteína maior que10%
Alta relação folha / caule Maior produção de folhas em relação ao caule ou colmo
* Da folha da forrageira.
Fone: Veiga et al. (2000)
Espécies forrageiras recomendadas
A experiência tem mostrado os riscos de prejuízos com o ataque de pragas e doenças, ocasionado pelo uso de uma única espécie ou variedade de forrageira. Além do mais, diversificar a pastagem aumenta as alternativas de se atender às demandas alimentares específicas de diferentes categorias ou espécies animais da propriedade. As gramíneas forrageiras, recomendadas na formação de pastagem para gado leiteiro na Zona Bragantina, são apresentadas a seguir.
Forrageiras rústicas e de boa tolerância a solos de baixa fertilidade e competitividade com as plantas daninhas (próprias para sistemas extensivos, com pouco ou nenhum uso de fertilizantes, exigindo menos esforço na limpeza das pastagens e sob manejo de pastejo contínuo ou rotativo):
Quicuio-da-amazônia _ de hábito de crescimento decumbente
Braquiarão (Brachiaria brizantha, cultivar Marandu) _ capim de crescimento semidecumbente
Forrageiras menos rústicas, mas com valor nutritivo relativamente maior (próprias para sistemas intensivos com uso de fertilizantes e sob manejo de pastejo rotativo):
Tobiatã (Panicum maximum, cultivar Tobiatã) - capim de toiceira.
Tanzânia (Panicum maximum, cultivar Tanzânia) - capim de toiceira.
Mombaça (Panicum maximum, cultivar Mombaça) - capim de toiceira.
Formação de pastagem
De modo geral, o processo de formação de pastagem segue as seguintes operações que podem ser efetuadas manualmente ou com uso de maquinário.
Limpeza da área
As áreas com vegetação de capoeira e "juquira" são as mais utilizadas para formação de pastagem na Zona Bragantina. No processo inteiramente manual, a limpeza é feita com o corte da vegetação. No processo mecanizado, as áreas destinadas ao plantio da pastagem são limpas com a lâmina de trator (tombamento e destoca). Os resíduos podem ser reunidos em montes ou leiras.
Preparo do solo
Essa operação só é efetuada quando a área foi limpa mecanicamente. Consta de uma aradura seguida de uma ou mais gradagens, para revolver, destorroar e nivelar o solo para o plantio.
Adubação
Em sistemas extensivos, normalmente o solo não é adubado na formação da pastagem, principalmente quando a área passou por um pousio e recuperou parcialmente a sua fertilidade. Porém, em sistemas intensivos, é recomendado pelo menos a adubação fosfatada, na base de 30 a 60 kg de P2O5/ha. Uma adubação completa inclui 30 a 60 kg de N, P2O5 e K2O/ha, conforme análise do solo. Adicionalmente, cálcio e magnésio podem ser adicionados via 500 kg de calcário dolomítico/ha. O adubo pode ser aplicado a lanço sobre o solo preparado ou na linha de plantio, quando essa operação for feita com máquina. No plantio de ramas e perfilhos, o adubo pode ser colocado no fundo da própria cova.
Plantio
Plantio em monocultivo - A qualidade da semente é crítica no estabelecimento de pastagem, pois dela depende todo o investimento feito no preparo da área. Os baixos índices de germinação e pureza das sementes de forrageira podem ser compensados pelo aumento na taxa de semeadura. Na falta de informações mais precisas sobre a qualidade da semente, recomenda-se em torno de 5-10 kg de semente de gramínea por ha. Em áreas limpas manualmente e, por conseguinte, sem preparo do solo, o plantio pode ser feito com plantadeira tico-tico ou matraca, no espaçamento de 0,5 x 1 m ou 1 x 1 m, o que requer menos semente. Quando o solo foi preparado, o plantio pode ser feito juntamente com a adubação, em linhas afastadas de até 0,8 m, utilizando a plantadeira-adubadeira. Em qualquer caso, o plantio pode ser feito a lanço, desde que se cubram as sementes com uma camada fina de terra, passando-se sobre a área plantada ramos de arbustos. Isso diminui o risco de arraste das sementes pela chuva e de ataque de pássaros. Por serem geralmente pequenas, as sementes devem ser plantadas superficialmente (no máximo 1 cm de profundidade), especialmente em solos arenosos, por causa do risco de dessecação. O plantio, usando ramas ou perfilhos com raiz pode ser feito em covas com profundidade de até 15 cm, no espaçamento de 1 x 1 m, 1 x 0,5 m ou em sulcos afastados de 1 m. Nesse caso, o tempo de formação é menor do que quando se usam sementes, entretanto, requer mais mão-de-obra. O tempo de formação, ou seja do plantio até o início do pastejo regular, varia de 4 a 6 meses, desde que seja feita pelo menos uma limpeza das plantas invasoras.
Plantio com cultura associada - Antes do plantio da pastagem, alguns produtores aproveitam o preparo da área para plantar arroz ou milho, como cultivo associado, diminuindo os custos da formação da pastagem. A pastagem pode ser plantada após 2 a 4 semanas do plantio daquelas culturas. Nesse caso, o plantio da forrageira é feito com plantadeira tico-tico ou matraca. Obviamente, dessa forma, a pastagem demora um pouco mais a se estabelecer.
Controle das plantas invasoras - A competição de invasoras, após a germinação, é um dos principais entraves para a formação da pastagem. O controle dessas plantas é mais eficaz no fim da época seca, para facilitar o crescimento da pastagem no início das chuvas.
Início do pastejo
O tempo para o primeiro pastejo e sua intensidade vão depender do desenvolvimento da pastagem em formação. Em condições ideais de chuva e sendo baixa a infestação de plantas invasoras, um pastejo leve (com baixa quantidade de animais por hectare) pode ser antecipado no final das chuvas subseqüentes, 4 a 5 meses após o plantio. De qualquer forma, não se deve submeter as pastagens recém-formadas a pastejos pesados (com elevada quantidade de animais por hectare), por períodos prolongados, no 1º ano de formação.
Controle das plantas invasoras
Geralmente é feito com a limpeza periódica das plantas invasoras de pastagem, comumente chamadas de juquira, uma vez a cada 2 ou 3 anos. Essa operação é mais eficaz no fim da época seca para beneficiar o crescimento da pastagem no início das chuvas. Em geral, essa operação é feita manualmente, porém em áreas destocadas, a roçadeira é mais eficiente. Embora à primeira vista haja uma certa vantagem do fogo no controle das plantas invasoras, em hipótese alguma se recomenda o seu uso, pois prejudica o solo e contribui para a degradação da pastagem em longo prazo.
Adubação de manutenção
Em sistemas menos intensivos, normalmente as adubações de manutenção só são efetuadas quando a pastagem apresentar sinais de declínio, geralmente a cada 3 anos, na base de 30 a 60 kg de P2O5/ha ou, mais completamente, de 30 a 60 kg de N, P2O5 e K2O/ha, conforme a análise de solo. O modo de aplicação é a lanço sobre a pastagem, após uma limpeza e no início das chuvas, de uma ou de duas vezes. Em sistema de pastejo rotacionado intensivo, com pastagem de alta produtividade e alta lotação animal, recomendam-se 50 a 100 kg de N, P2O5 e K2O/ha/ano, conforme a análise de solo. Nesse caso, a adubação dos piquetes é necessariamente parcelada, logo após cada pastejo ou cada dois pastejos.
Degradação de pastagem
O principal problema das pastagens cultivadas na região é a sua degradação. Uma pastagem é considerada degradada quando maior parte da sua superfície é representada por plantas invasoras ou solo descoberto. As causas dessa degradação incluem um ou mais dos seguintes fatores: formação deficiente, falta de manutenção (limpeza e adubação de manutenção), surto severo de pragas e doenças e deficiente manejo de pastagem ou de pastejo (alta lotação, falta de rotação de pastagem e/ou de descanso suficiente).
Recuperação de pastagem
Nos sistemas com baixa capacidade de investimento e quando houver condições de rebrota e re-semeio da pastagem, a recuperação é feita, geralmente, limpando-se e vedando-se a pastagem pelo tempo necessário. Também, o replantio de áreas falhas é recomendável. Quando é possível investir, os procedimentos incluem a eliminação da vegetação (derrubada, destoca e enleiramento, quando necessário), preparo do solo (aradura e gradagem), adubação (ver adubação de manutenção) e plantio de semente de alta qualidade (Veiga & Falesi, 1986; Veiga, 1995). Tanto nessa como em qualquer tecnologia que envolva investimentos, é muito importante uma análise de custo/benefício, antes da adoção na prática.
Pragas de pastagem
Historicamente, o mais grave problema fitossanitário das pastagens na Zona Bragantina foi a cigarrinha-das-pastagens (Deois incompleta), inseto do tipo sugador, que ataca, principalmente, as espécies de gramíneas forrageiras do gênero Brachiaria, especialmente a B. decumbens, que foi dizimada da região na década de 1960, e o quicuio-da-amazônia (B. humidicola). A introdução e o avanço da pastagem de braquiarão na região foram motivados pela sua tolerância àquela praga, além de sua alta rusticidade. Foi verificado que pastagens intensamente manejadas (elevadas cargas animais ou pastejo baixo), sem reposição de nutrientes no solo, enfraquecem a pastagem de tal modo, diminuindo sua resistência aos ataques dessa praga, para a qual o controle químico não é prático.
Os danos das lagartas Spodoptera frugiperda e Mocis latipes, que consomem rapidamente as folhas da pastagem, chegam a preocupar há alguns anos. Porém, na maioria das vezes, são surtos rápidos e esporádicos, ocorrendo, principalmente, no início das chuvas, não se constituindo em grande ameaça. Embora infestações localizadas possam ser combatidas com inseticidas organofosforados, carbomatos ou piretróides, o controle químico não é recomendado em grandes áreas.
Recentemente, vêm se constatando, em todo o País, casos de morte de pastagem de braquiarão, cuja provável causa tem sido atribuída à ação de fungos do solo (Pythium periilum, Rhizoctonia solani e uma espécie de Fusarium), cujo ataque é estimulado em pastagens sob estresse de umidade, nutricional e de manejo (Teixeira Neto et al. 2000). No Acre há indicações de que pastagens de braquiarão, estabelecidas em solos mais argilosos e de difícil drenagem, do tipo podzólico, tenham morrido por estresse de umidade (Valentim et al. 2000). Os danos causados por essa doença vêm preocupando produtores e técnicos da Região Amazônica, exigindo pesquisas para sua solução, antes do agravamento da situação
Rotação de piquetes (Sidnei Pires)
Manter o gado em pastagens extensas apresenta uma série de inconvenientes, entre os quais: menor aproveitamento das forrageiras; menor controle sobre os animais; baixo rendimento de carne ou de leite e reprodução mal orientada. Por esses motivos, devemos adotar o sistema de rotação de pastagens.
Esse sistema consiste em dividirmos os pastos de grande extensão, em piquetes, cujas áreas serão calculadas de acordo com o número e a categoria , a idade e a produção das reses a serem neles colocadas para o pastoreio e o tamanho da propriedade.
Normalmente, os pastos comuns, extensos, podem comportar , em média , 2 unidades/animal por hectare, enquanto que, pelo sistema de rotação de pastagens, na mesma área podem ser colocadas 8 unidades/ animal , ou seja, 9,3 cabeças de gado. Além disso, o rendimento dos animais é bem maior do que quando eles pastam em maiores áreas.
Outra vantagem dos piquetes é que a reprodução dos animais e os cuidados com as crias se tornam muito mais práticos e fáceis.Naturalmente, o número e as áreas dos piquetes, devem variar, de acordo com as necessidades da criação e o tamanho do imóvel em que estão localizadas.
Importante, também, para manter a qualidade e o rendimento das pastagens ou piquetes, é promover, periodicamente, a sua adubação. Não devemos deixar, também, que o gado permaneça durante muito tempo, em um só piquete, para que a sua vegetação não seja muito sacrificada, por ser cortada muito baixa, o que dificultaria, também, a sua nova brotação.
A divisão em piquetes, com a rotação das pastagens, aumenta significativamente, tanto a produtividade dos rebanhos para a produção de leite quando para a produção de carne. Isso ocorre, também, nas criações de outras espécies domésticas como as de ovinos, caprinos, bubalinos, etc.
Importante também é que, em cada piquete, sejam colocados permanentemente um bebedouro com água limpa e fresca, um cocho para rações e forrageiras, quando necessárias e um cocho menor, para sal e elementos minerais. Para que as pastagens não se esgotem, devem se adubadas normalmente, com adubos orgânicos além de , também, com 250 quilos de nitrogênio, por hectare e por ano.
Com esses cuidados, os piquetes podem manter o dobro dos animais que comportam, normalmente, as pastagens comuns ou normais. Quanto às forrageiras, devem ser plantadas as que já existam e produzam bem, na região ou as que trazidas de fora, a ela se adaptem muito bem.
As grandes vantagens da rotação de pastagens são a possibilidade de melhor aproveitamento da área total disponível e a maior produtividade dos animais que ela proporciona. Outra vantagem dos piquetes é que permitem um maior e melhor aproveitamento das áreas montanhosas mas, nesses casos, principalmente, é necessário manter o solo sempre adubado e com uma camada de material orgânico Essa adubação deve ser se realizada , de preferência no período das chuvas ou quando o solo está bem úmido. Importante, e muito, é não deixar nunca que o solo fique esgotado.
O período em que o rebanho deve ser mantido em um piquete varia de acordo com as condições das pastagens, o tipo, idade ou produção dos animais e nunca deve ser ultrapassado, para evitar que as forrageiras sejam prejudicadas, com os prejuízos disso resultante.
terça-feira, 18 de maio de 2010
(José Geraldo e Wesley Souza)
O que é
A Polioencefalomalácia ou Necrose Cérebrocortical (NCC) é uma desordem metabólica aguda, de causa não infecciosa que acomete ruminantes de todas as idades, sendo que no Brasil os animais adultos a campo são os mais afetados. São várias as causas dessa doença e muitas ainda são desconhecidas. Antigamente, a deficiência de tiamina (vitamina B1) era atribuída como causa. Hoje outras causas são apontadas, como alto consumo de enxofre, ingestão de carcaças, mudanças bruscas na alimentação, principalmente quando animais mantidos em pastagens ruins são introduzidos em pastos de excelente qualidade e intoxicação por cloreto de sódio. É caracterizada clinicamente pelo aparecimento súbito de cegueira, decúbito e sintomatologia nervosa.
Como reconhecer
Os sinais clínicos caracterizam-se por andar cambaleante e em círculos, incoordenação, tremores musculares, cegueira total ou parcial, opistótono, nistagmo e estrabismo. Os animais afastam-se do rebanho e muitos são encontrados em decúbito lateral ou esternal. Nas fases iniciais o animal pode apresentar certa agressividade e excitação. Se os animais não forem tratados com tiamina, a morte ocorre geralmente 2 a 3 dias após o aparecimento dos sinais clínicos, entretanto, alguns animais morrem poucas horas após e outros permanecem até 10 dias em decúbito.
Ocorre melhora do quadro clínico quando o tratamento com tiamina (vitamina B1) é realizado no início da doença.
Como tratar
O tratamento consiste na aplicação de 10-20 mg de Vitamina B1/ kg de peso vivo e 0,2 mg de Dexametasona/ kg de peso vivo por via intramuscular, repetido de 12 em 12 horas durante 3 dias.
Trata-se de uma emergência em medicina veterinária, pois quanto mais o tempo passa, maiores são as lesões no sistema nervoso. A cura pode ocorrer quando o tratamento com tiamina é realizado no início dos sintomas clínicos, sendo as lesões reversíveis até certo ponto.
Como evitar
Como não estão definidos, ainda, os fatores que desencadeiam a PEM, não é possível recomendar medidas de controle ou preventivas.
Tetano Equino (Paulo Henrique Ervolino)
O Tétano é uma toxi-infecção aguda, que atinge o homem e animais domésticos, causada pela toxina do clostribium tetani ou Bacilo de Nicolaier, e que se caracteriza pelo aparecimento de espasmos musculCavalo
Doenças e Afecções - Tétano
O Tétano é uma toxi-infecção aguda, que atinge o homem e animais domésticos, causada pela toxina do clostribium tetani ou Bacilo de Nicolaier, e que se caracteriza pelo aparecimento de espasmos musculares tônicos e hiperexcitabilidade reflexa.
Os equinos são particularmente suscetíveis, mas a ocorrência é realtivamente rara. A infecção se dá geralmente através de feridas acidentais ou cirúrgicas, em contato com o esterco e com a terra, principalmente se esta tiver sido estercada. Os potros recém-nascidos estão sujeitos à infecção umbilical.
Este bacilo forma esporos com capacidade de persistência no solo durante anos. Resistente à fervura de 100ºC por 60 min. Os esporos do bacilo tetânico são freqüentes nas fezes de animais, principalmente de eqüinos, e em cerca de 40% das amostras de solos.
A transmissão se dá nos solos cultivados, currais e estábulos que, são as mais comuns fontes de infecção e as portas de entrada do bacilo são as feridas profundas não-arejadas, onde os esporos podem permanecer latentes por algum tempo nestes tecidos, somente produzindo a enfermidade em condições favoráveis de proliferação.
Nos eqüinos o acesso da infecção se dá com maior freqüência em lesões nos cascos (pregos etc.), cordão umbilical, aparelho genital etc.
Nos bovinos pode-se instalar através de feridas resultantes de colocação de argola no focinho; da amputação dos chifres; da castração e de traumatismo da parição.
Depois que penetram no organismo, as bactérias e seus esporos elaboram duas potentes toxinas ou venenos, que entram na corrente sangüínea e vão agir nos grandes centros nervosos e também produzir espasmos tônico-clônicos.
SINTOMAS - O período de incubação varia normalmente de uma a três semanas, porém, às vezes, dura até quatro meses. É mais curto nos animais novos. Os principais sintomas são:
• mastigação fraca e degliutição lenta e difícil;
• rigidez muscular;
• protusão da membrana nicititante;
• ereção da orelha;
• ventre recolhido;
• pescoço estendido para a frente e a cabeça mais ou menos fixa;
• patas abertas e tesas, lembrando um cavalete;
• narinas dilatadas;
• movimentos cada vez mais lentos até a imobilização total;
• espasmos generalizados;
• tremores musculares, quando o animal é excitado.
A morte vem através do esgotamento, paralisia dos órgãos internos ou pneumonia. Algumas vezes, no curso do tétano, pode haver remissões dos sintomas gerais, o que dá uma falsa impressão de melhora do animal.
PROFILAXIA - O tétano pode ser evitado:
• vacinando o animal anualmente.
• usando soro anti-tetânico antes das itervenções cirurgicas ou depois de ferimentos que possam facilitar a infecção;
• evitando o contato das feridas profundas com terra ou qualquer sujeira;
• cuidando da assepsia do instrumento cirúrgico e da antissepisia das feridas;
• desinfetar, tão cedo quanto possível, feridas recentes dos eqüinos;
• eliminando os objetos pontiagudos que possam causar ferimentos acidentais.
TRATAMENTO - O tratamento é difícil e problemático, devendo-se chamar um veterinário que poderá usar vários recursos em animais de valor, entre eles:
• limpar as feridas, lavá-las com água oxigenada e aplicar anti-séptico adequado;
• aplicação de Soro Anti-tetânico em doses maciças, acima de 100 000 unidades, por via endovenosa e repiti-las quando necessário;
• dar alimentação líquida, de fácil deglutição;
• conservar o doente em local abrigado e sosegado, se possível isolado e escuro;
• quando o animal não puder permanecer de pé, suspendê-lo com uma faixa e colocar a água e os alimentos à altura da boca.
ares tônicos e hiperexcitabilidade reflexa.
Os equinos são particularmente suscetíveis, mas a ocorrência é realtivamente rara. A infecção se dá geralmente através de feridas acidentais ou cirúrgicas, em contato com o esterco e com a terra, principalmente se esta tiver sido estercada. Os potros recém-nascidos estão sujeitos à infecção umbilical.
Este bacilo forma esporos com capacidade de persistência no solo durante anos. Resistente à fervura de 100ºC por 60 min. Os esporos do bacilo tetânico são freqüentes nas fezes de animais, principalmente de eqüinos, e em cerca de 40% das amostras de solos.
A transmissão se dá nos solos cultivados, currais e estábulos que, são as mais comuns fontes de infecção e as portas de entrada do bacilo são as feridas profundas não-arejadas, onde os esporos podem permanecer latentes por algum tempo nestes tecidos, somente produzindo a enfermidade em condições favoráveis de proliferação.
Nos eqüinos o acesso da infecção se dá com maior freqüência em lesões nos cascos (pregos etc.), cordão umbilical, aparelho genital etc.
Nos bovinos pode-se instalar através de feridas resultantes de colocação de argola no focinho; da amputação dos chifres; da castração e de traumatismo da parição.
Depois que penetram no organismo, as bactérias e seus esporos elaboram duas potentes toxinas ou venenos, que entram na corrente sangüínea e vão agir nos grandes centros nervosos e também produzir espasmos tônico-clônicos.
SINTOMAS - O período de incubação varia normalmente de uma a três semanas, porém, às vezes, dura até quatro meses. É mais curto nos animais novos. Os principais sintomas são:
• mastigação fraca e degliutição lenta e difícil;
• rigidez muscular;
• protusão da membrana nicititante;
• ereção da orelha;
• ventre recolhido;
• pescoço estendido para a frente e a cabeça mais ou menos fixa;
• patas abertas e tesas, lembrando um cavalete;
• narinas dilatadas;
• movimentos cada vez mais lentos até a imobilização total;
• espasmos generalizados;
• tremores musculares, quando o animal é excitado.
A morte vem através do esgotamento, paralisia dos órgãos internos ou pneumonia. Algumas vezes, no curso do tétano, pode haver remissões dos sintomas gerais, o que dá uma falsa impressão de melhora do animal.
PROFILAXIA - O tétano pode ser evitado:
• vacinando o animal anualmente.
• usando soro anti-tetânico antes das itervenções cirurgicas ou depois de ferimentos que possam facilitar a infecção;
• evitando o contato das feridas profundas com terra ou qualquer sujeira;
• cuidando da assepsia do instrumento cirúrgico e da antissepisia das feridas;
• desinfetar, tão cedo quanto possível, feridas recentes dos eqüinos;
• eliminando os objetos pontiagudos que possam causar ferimentos acidentais.
TRATAMENTO - O tratamento é difícil e problemático, devendo-se chamar um veterinário que poderá usar vários recursos em animais de valor, entre eles:
• limpar as feridas, lavá-las com água oxigenada e aplicar anti-séptico adequado;
• aplicação de Soro Anti-tetânico em doses maciças, acima de 100 000 unidades, por via endovenosa e repiti-las quando necessário;
• dar alimentação líquida, de fácil deglutição;
• conservar o doente em local abrigado e sosegado, se possível isolado e escuro;
• quando o animal não puder permanecer de pé, suspendê-lo com uma faixa e colocar a água e os alimentos à altura da boca.
Brucelose
E uma doença infecciosa causada por bactérias do gênero
Brucella com várias espécies, cada qual com um hospedeiro preferencial o que confere à brucelose características próprias de disseminação, sendo predominante no Mediterrâneo a Brucella mellitensis que provoca a forma humana mais grave da doença. A repercussão nos animais difere segundo a espécie infectante e a do animal contaminado.
Como se adquire?
A transmissão da bactéria se faz por ingestão de produtos do animal infectado, pelo consumo do leite não pasteurizado ou do próprio queijo. A doença pode ser contraída também pelo contato com o animal (aborto, placenta, feto, sangue), através da pele, por feridas mesmo as imperceptíveis, as brucelas podem ser aspiradas diretamente do ar. A ingestão do alimento contaminado propicia a multiplicação das bactérias na mucosa intestinal de onde elas se disseminam. O período de incubação (tempo que vai da contaminação ao início dos sintomas) varia de duas semanas a dois meses. A doença não se transmite de pessoa a pessoa.
O que se sente?
Os sintomas são inespecíficos e de duração variável o que dificulta a identificação da infecção. Pode haver febre, suores noturnos, calafrios, dor de cabeça, artralgias (dores articulares), anorexia (perda do apetite), os casos mais graves podem acometer rins e coração, fígado. A doença pode durar meses e mesmo anos. Mesmo não sendo agudamente fatal prejudica cronicamente a saúde.
Como o médico faz o diagnóstico?
O quadro clínico é inespecífico o dado importante é a ingestão de alimento de origem animal potencialmente contaminado. A confirmação laboratorial se faz através de identificação dos germes após hemocultura (cultura de amostra de sangue) ou exame cultural de material biopsiado. A identificação laboratorial destas bactérias é demorada (até quatro semanas), dá muito falso negativo e necessita ser feito em laboratório com experiência.
Prevenção.
A advertência dos trabalhadores que cuidam de animais ou de seu abate sobre os riscos da doença, o controle da sanidade dos animais e a vigilância sanitária sobre o leite e seus derivados são decisivos na prevenção da brucelose.
segunda-feira, 17 de maio de 2010
vacas da escola agricula desaparecidas
A DOENÇA DA VACA LOUCA
Doença da Vaca Louca e atualmente bastante presente nas manchetes, é uma doença
neurológica que acomete os bovinos e, estudos recentes, têm relacionado a BSE
principalmente com a doença de Creutzfeldt-Jacob em humanos, além de outras
encefalopatias, também causadas por príons (veja quadro ao lado), como Insônia
Familiar Fatal e Kuru.
Os primeiros casos da BSE
foram diagnosticados em 1986, na
Inglaterra, quando vários bovinos
morreram em função de uma
misteriosa doença neurológica. A
partir de então, foram descritos,
em dez anos, 160.000 casos de
BSE.
A BSE ocorre em função
principalmente da utilização de
alimentos expostos ao príon na
alimentação dos bovinos, como as
farinhas de carne e ossos bovinos.
A literatura descreve o período de
incubação da doença como sendo
de 1 a 2 anos. Entretanto,
pesquisadores têm afirmado que
podem se passar de 6 a 8 anos até que os sinais de degeneração cerebral se manifestem.
Não há predisposição racial ou etária para que os animais se infectem e a
mortalidade dos animais acometidos é de 100%. Não se conhece a patogenia exata da
doença. Contudo, estudos levam a crer que após a exposição oral ao príon, ocorrem
replicações do agente no sistema linforreticular e migração para o sistema nervoso
central (CNS), via nervos periféricos.
Os sinais clínicos não são específicos, sendo principalmente de natureza
comportamental. A evolução e intensidade dos sinais aumentam em períodos que podem
variar de semanas a meses, sendo que a maioria dos animais atinge um estágio terminal
em 3 meses. Estes sinais incluem a redução do tempo gasto na ruminação e um aumento
na freqüência de lambidas no espelho nasal, espirros, contração do focinho, esfregar da
cabeça e ranger de dentes, sinais indicativos de distúrbios na área sensorial do nervo
trigêmeo. A sensibilidade é aumentada em todos os sentidos e sinais nervosos diversos
são evidentes.
O diagnóstico somente pode ser confirmado através de exames histológicos do
cérebro. Deve-se, ainda, fazer-se a diferenciação quanto a hipomagnesemia, acetonemia
nervosa, raiva, intoxicação por chumbo, poliencefalomalácia, abscessos cerebrais e
espinhais, encefalopatia hepática e intoxicação por substâncias que induzem tremores.
Não há tratamento efetivo. Entretanto, o controle deve-se dar por meio da não
utilização de produtos protéicos de origem ruminante na alimentação de bovinos e, ainda,
evitar-se que carne e leite de animais contaminados, ou de regiões que não adotam estas
medidas de controle, sejam levados ao consumo humano. Ainda assim, em função do
longo período de incubação da doença, casos da BSE poderão ser diagnosticados por
muito tempo.
Vaca em lactação (Thiago Demarchi )
O estágio da lactação afeta a produção e a composição do leite, o consumo de alimentos e mudanças no peso vivo do animal.
Nas duas primeiras lactações da vida de uma vaca leiteira, deve-se fornecer alimentos em quantidades superiores àquelas que deveriam estar recebendo em função da produção de leite, pois estes animais ainda continuam em crescimento, com necessidades nutricionais muito elevadas. Assim, recomenda-se que aos requerimentos de mantença sejam adicionados 20% a mais para novilhas de primeira cria e 10% para vacas de segunda cria.
Recomenda-se alimentar as vacas primíparas separadas das vacas mais velhas. Este procedimento evita a dominância, aumentando o consumo de matéria seca.
As vacas não devem parir nem excessivamente magras nem gordas. Vacas que ganham muito peso antes do parto apresentam apetite reduzido, menores produções de leite e distúrbios metabólicos como cetose, fígado gorduroso e deslocamento do abomaso, além de baixa resistência aos agentes de doenças.
Um plano de alimentação para vacas em lactação deve considerar os três estádios da curva de lactação, pois as exigências nutricionais dos animais, são distintas para cada um deles.
As vacas, nas primeiras semanas após o parto, não conseguem consumir alimentos em quantidades suficientes para sustentar a produção crescente de leite neste período, até atingir o pico, o que ocorre em torno de cinco a sete semanas após o parto. O pico de consumo de alimentos só será atingido posteriormente, em torno de nove a dez semanas pós-parto. Por isso, é importante que recebam uma dieta que possa permitir a maior ingestão de nutrientes possível, evitando que percam muito peso e tenham sua vida reprodutiva comprometida.
Devem ser manejadas em pastagens de excelente qualidade e em quantidade suficiente para permitir alta ingestão de matéria seca. Para isto, o manejo dos pastos em rotação é prática recomendada.
Deve-se fornecer volumoso de boa qualidade com suplementação com concentrados e mistura mineral adequada. Vacas de alto potencial de produção devem apresentar um consumo de matéria seca equivalente a pelo menos 4% do seu peso vivo, no pico de consumo.
Vacas que são ordenhadas três vezes ao dia consomem 5 a 6% mais matéria seca do que se ordenhadas duas vezes ao dia.
Para vacas mantidas em pastagens, durante o período de menor crescimento das forrageiras, há necessidade de suplementação com volumosos: capim-elefante verde picado, cana-de-açúcar adicionada de 1% de uréia, silagem, feno ou forrageiras de inverno. Para vacas de alta produção leiteira ou animais confinados, forneça silagem de milho ou sorgo, à vontade.
Um regra prática para determinar a quantidade de volumoso a ser fornecida é monitorar a sobra ou o excesso que fica no cocho. Caso não haja sobras ou se sobrar menos do que 10% da quantidade total fornecida no dia anterior, aumente a quantidade de volumoso a ser fornecida. Caso haja muita sobra, reduza a quantidade.
Para cada dois quilogramas de leite produzidos, a vaca deve consumir pelo menos um quilograma de matéria seca. De outra forma, ela pode perder peso em excesso e ficar mais sujeita a problemas metabólicos.
O concentrado para vacas em lactação deve apresentar 18 a 22% de proteína bruta (PB) e acima de 70% de nutrientes digestíveis totais (NDT), na base de 1 kg para cada 2,5 kg de leite produzidos. Pode-se utilizar uma mistura simples à base de milho moído e farelo de soja ou de algodão, calcário e sal mineral ou dependendo da disponibilidade, soja em grão moída ou caroço de algodão. Algumas opções para formulação de concentrado são apresentadas na Instrução Técnica para o Produtor de Leite - Sistemas de Alimentação nº 40. Opções de concentrados para vacas em lactação.
Vacas de alta produção de leite, manejadas em pastagens ou em confinamento, precisam ter ajustes em seu manejo e plano alimentar. Para vacas com produções diárias acima de 28-30 kg de leite, deve-se fornecer concentrados com fontes de proteína de baixa degradabilidade no rúmen, como farinha de peixe, farelo de algodão, soja em grão moída, tostada etc.
Vacas com produções acima de 40 kg de leite por dia, além de uma fonte de gordura, como caroço de algodão, soja em grão moída ou sebo, devem receber gordura protegida (fonte comercial) para elevar o teor de gordura da dieta total para 7-8%. Essas vacas devem receber uma quantidade diária de gordura na dieta equivalente à quantidade de gordura produzida no leite. Instrução Técnica para o Produtor de Leite - Sistemas de Alimentação nº 47. Alimentação e manejo de vacas de alto potencial genético.
Dieta completa é uma mistura de volumosos (silagem, feno, capim verde picado) com concentrados (energéticos e protéicos), minerais e vitaminas. A mistura dos ingredientes é feita em vagão misturador próprio, o qual contém balança eletrônica para pesar os ingredientes. Muito usada em confinamento total, tem a vantagem de evitar que as vacas possam consumir uma quantidade muito grande de concentrado de uma única vez, o que pode causar problemas de acidose nos animais. Além disso, recomenda-se a inclusão de 0,8 a 1% de bicarbonato de sódio e 0,5% de óxido de magnésio na dieta total, para evitar problemas com acidose.
O melhor teor de matéria seca da ração total está entre 50 e 75%. Rações mais secas ou mais úmidas podem limitar o consumo. Por isso, o teor de umidade da silagem deve ser monitorado semanalmente, se possível.
Normalmente, as vacas se alimentam após as ordenhas. Mantendo a dieta completa à disposição dos animais nesses períodos, pode-se conseguir aumento do consumo voluntário.
Para reduzir mão-de-obra na mistura de diferentes formulações para os grupos de vacas com diferentes produções médias, a tendência é de se formular uma dieta completa com alto teor energético e com nível de proteína não-degradável que atenda ao grupo de maior produção de leite. Os demais grupos, vacas no terço médio e vacas em final de lactação, naturalmente já controlariam o consumo, ingerindo menos matéria seca.
Para assegurar consumo máximo de forragem, principalmente na época mais quente do ano, deve-se garantir disponibilidade de alimentos ao longo do dia. Deve-se encher o cocho no final da tarde, para que os animais possam ter alimento fresco disponível durante a noite. Dessa forma, as vacas podem consumir o alimento num horário de temperatura mais amena.Para animais mantidos em pastagens, o método mais prático de suplementar minerais é deixando a mistura (comprada ou preparada na própria fazenda) disponível em cocho coberto, à vontade (Instrução Técnica para o Produtor de Leite - Sistemas de Alimentação nº 41. Suplementos Minerais para Gado de Leite e Senar - Embrapa: Manual Técnico: Trabalhador na Bovinocultura de Leite - página 161).
Para vacas em lactação e animais que são mantidos em confinamento, é mais seguro e garantido incluir a mistura mineral no concentrado ou na dieta completa.
Vacas em lactação requerem uma quantidade muito grande de água, uma vez que o leite é composto de 87 a 88% de água. Ela deve estar à disposição dos animais, à vontade e próxima dos cochos. Normalmente as vacas consomem 8,5 litros de água para cada litro de leite produzido. Quando a temperatura ambiente se eleva, nos meses de verão, o consumo de água aumenta substancialmente.
No terço médio da lactação, as vacas já recuperaram parte das reservas corporais gastas no início da lactação e já deveriam estar enxertadas. A produção de leite começa a cair e as vacas devem continuar a ganhar peso, preparando sua condição corporal para o próximo parto.
O fornecimento de concentrado deve ser feito com 18 a 20% de proteína bruta, na proporção de 1 kg para cada 3 kg de leite produzidos acima de 5 kg, na época das chuvas, e a mesma relação acima de 3 kg iniciais de leite produzido, durante o período seco do ano,
No terço final da lactação, as vacas devem recuperar suas reservas corporais e a produção de leite já é bem menor que nos períodos anteriores. Deve-se alimentar as vacas para evitar que ganhem peso em excesso, mas que tenham alimento suficiente, principalmente na época seca do ano, para repor as reservas corporais perdidas no início da lactação. É o período em que ocorre a secagem do leite, encerrando-se a lactação atual e o início da preparação para o próximo parto e lactação subseqüente. Instrução Técnica para o Produtor de Leite - Qualidade do Leite e Segurança Alimentar nº 3. Método de secagem de vacas .
O período seco, compreendido entre a secagem e o próximo parto, em rebanhos bem manejados sua duração é de 60 dias. É fundamental para que haja transferência de nutrientes para desenvolvimento do feto, que é acentuado nos últimos 60-90 dias que precedem o parto, a glândula mamária regenere os tecidos secretores de leite e acumule grandes quantidades de anticorpos, proporcionando maior qualidade e produção de colostro, essencial para a sobrevivência da cria recém-nascida.
O suprimento de proteína, energia, minerais e vitaminas é muito importante, mas deve-se evitar que a vaca ganhe muito peso nesta fase, para reduzir a incidência de problemas no parto e durante a fase inicial da lactação. Isso se deve, principalmente, à redução na ingestão de alimentos pós-parto, o que normalmente se observa com vacas que parem gordas.
Nas duas semanas que antecedem ao parto deve-se iniciar o fornecimento de pequenas quantidades do concentrado formulado para as vacas em lactação, para que se adaptem à dieta que receberão após o parto. As quantidades a serem fornecidas variam de 0,5 a 1% do peso vivo do animal, dependendo da sua condição corporal.
O teor de cálcio da dieta de vacas no final da gestação deve ser reduzido para evitar problemas com febre do leite (Febre do leite - Embrapa - CNPGL. Documentos, 67) após o parto. A mistura mineral (com nível baixo de cálcio) deve estar disponível, à vontade, em cocho coberto (Manual Técnico: Trabalhador na Bovinocultura de Leite – Senar-AR/MG/Embrapa, 1997 e Embrapa Gado de Leite: 20 anos de pesquisa).
Origem da cana-de-açucar (Rui Lucas)
Originária do sudeste da Ásia, onde é cultivada desde épocas remotas, a exploração canavieira assentou-se, no início, sobre a espécie S. officinarum. O surgimento de várias doenças e de uma tecnologia mais avançada exigiram a criação de novas variedades, as quais foram obtidas pelo cruzamento da S. officinarum com as outras quatro espécies do gênero Saccharum e, posteriormente, através de recruzamentos com as ascendentes.
Os trabalhos de melhoramento persistem até os dias atuais e conferem a todas as variedades em cultivo uma mistura das cinco espécies originais e a existência de cultivares ou variedades híbridas.
A importância da cana de açúcar pode ser atribuída à sua múltipla utilização, podendo ser empregada in natura, sob a forma de forragem, para alimentação animal, ou como matéria prima para a fabricação de rapadura, melado, aguardente, açúcar e álcool.
Clima e Solo
A cana-de-açúcar é cultivada numa extensa área territorial, compreendida entre os paralelos 35º de latitude Norte e Sul do Equador, apresentando melhor comportamento nas regiões quentes. O clima ideal é aquele que apresenta duas estações distintas, uma quente e úmida, para proporcionar a germinação, perfilhamento e desenvolvimento vegetativo, seguido de outra fria e seca, para promover a maturação e conseqüente acumulo de sacarose nos colmos.
Solos profundos, pesados, bem estruturados, férteis e com boa capacidade de retenção são os ideais para a cana-de-açúcar que, devido à sua rusticidade, se desenvolve satisfatoriamente em solos arenosos e menos férteis, como os de cerrado. Solos rasos, isto é, com camada impermeável superficial ou mal drenados, não devem ser indicados para a cana-de-açúcar.
Para trabalhar com segurança em culturas semi-mecanizadas, que constituem a maioria das nossas explorações, a declividade máxima deverá estar em torno de 12% ; declividade acima desse limite apresentam restrições às práticas mecânicas.
Para culturas mecanizadas, com adoção de colheitadeiras automotrizes, o limite máximo de declividade cai para 8 a 10%.
Cultivares
Um dos pontos que merece especial atenção do agricultor é a escolha do cultivar para plantio. Isso não só pela sua importância econômica, como geradora de massa verde e riqueza em açúcar, mas também pelo seu processo dinâmico, pois anualmente surgem novas variedades, sempre com melhorias tecnológicas quando comparadas com aquelas que estão sendo cultivadas. Dentre as várias maneiras para classificação dos cultivares de cana, a mais prática é quanto à época da colheita.Quando apresentarem longo Período de Utilização Industrial (PUI), a indicação de alguns cultivares ocorrerá para mais de uma época.
Atualmente os cultivares mais indicados para São Paulo e Estados limítrofes são:
para início de safra: SP80-3250, SP80-1842, RB76-5418, RB83-5486, RB85-5453 e RB83-5054
para meio de safra: SP79-1011, SP80-1816, RB85-5113 e RB85-5536
para fim de safra: SP79-1011, SP79-2313, SP79-6192, RB72-454, RB78-5148, RB80-6043 e RB84-5257
Os cultivares SP79-2313, RB72-454, RB78-5148, RB80-6043 e RB83-5486 caracterizam-se pela baixa exigência em fertilidade de solo.
Preparo do Terreno
Tendo a cana-de-açúcar um sistema radicular profundo, um ciclo vegetativo econômico de quatro anos e meio ou mais e uma intensa mecanização que se processa durante esse longo tempo de permanência da cultura no terreno, o preparo do solo deve ser profundo e esmerado. Convém salientar que as unidades sucroalcooleiras não seguem uma linha uniforme de preparo do solo, tendo cada uma seu sistema próprio, variação essa que ocorre em função do tipo de solo predominante e da disponibilidade de máquinas e implementos.
No preparo do solo, temos de considerar duas situações distintas:
- a cana vai ser implantada pela primeira vez;
- o terreno já se encontra ocupado com cana.
No primeiro caso, faz-se uma aração profunda, com bastante antecedência do plantio, visando à destruição, incorporação e decomposição dos restos culturais existentes, seguida de gradagem, com o objetivo de completar a primeira operação. Em solos argilosos é normal a existência de uma camada impermeável, a qual pode ser detectada através de trincheiras abertas no perfil do solo, ou pelo penetrômetro.
Constatada a compactação do solo, seu rompimento se faz através de subsolagem, que só é aconselhada quando a camada adensada se localizar a uma profundidade entre 20 e 50 cm da superfície e com solo seco.
Nas vésperas do plantio, faz-se nova gradagem, visando ao acabamento do preparo do terreno e à eliminação de ervas daninhas.
Na segunda situação, onde a cultura da cana já se encontra instalada, o primeiro passo é a destruição da soqueira, que deve ser realizada logo após a colheita. Essa operação pode ser feita por meio de aração rasa (15-20 cm) nas linhas de cana, seguidas de gradagem ou através de gradagem pesada, enxada rotativa ou uso de herbicida.
Se confirmada a compactação do solo, a subsolagem torna-se necessária. Nas vésperas do plantio procede-se a uma aração profunda (25-30 cm), por meio de arado ou grade pesada. Seguem-se as gradagens necessárias, visando manter o terreno destorroado e apto ao plantio.
Devido à facilidade de transporte, à menor regulagem e ao maior rendimento operacional, há uma tendência das grades pesadas substituírem o arado.
Calagem
A necessidade de aplicação de calcário é determinada pela análise química do solo, devendo ser utilizado para elevar a saturação por bases a 60%. Se o teor de magnésio for baixo, dar preferência ao calcário dolomítico.
O calcário deve ser aplicado o mais uniforme possível sobre o solo. A época mais indicada para aplicação do calcário vai desde o último corte da cana, durante a reforma do canavial, até antes da última gradagem de preparo do terreno. Dentro desse período, quanto mais cedo executada maior será sua eficiência.
Adubação
Para a cana de açúcar há a necessidade de considerar duas situações distintas, adubação para cana-planta e para soqueiras, sendo que, em ambas, a quantificação será determinada pela análise do solo.
Para cana-planta, o fertilizante deverá ser aplicado no fundo do sulco de plantio, após a sua abertura, ou por meio de adubadeiras conjugadas aos sulcadores em operação dupla.
No quadro a seguir são indicadas as quantidades de nitrogênio, fósforo e potássio a serem aplicadas com base na análise do solo e de acordo com a produtividade esperada.
Adubação Mineral de Plantio
Produtividade esperada
Nitrogênio
P resina, mg/dm³
0 - 6
7 - 15
16 - 40
>40
t/ha
N, kg/ha
P2O5, kg/ha
<100>150
30
30
30
180
180
*
100
120
140
60
80
100
40
60
80
Produtividade esperada
K+ trocável, mmolc/dm³
0 - 0,7
0,8 - 1,5
1,6 - 3,0
3,1 - 6,0
>6,0
t/ha
K2O, kg/ha
<100>150
100
150
200
80
120
160
40
80
120
40
60
80
0
0
0
* Não é provável obter a produtividade dessa classe, com teor muito baixo de P no solo
Fonte: Boletim Técnico 100 IAC, 1996
Aplicar mais 30 a 60 kg/ha de N, em cobertura, durante o mês de abril; em solo arenoso dividir a cobertura, aplicando metade do N em abril e a outra metade em setembro - outubro.
Adubações pesadas de K2O devem ser parceladas, colocando no sulco de plantio até 100 kg/ha e o restante juntamente com o N em cobertura, durante o mês de abril.
Para soqueira, a adubação deve ser feita durante os primeiros tratos culturais, em ambos os lados da linha de cana; quando aplicada superficialmente, deve ser bem misturada com a terra ou alocada até a profundidade de 15 cm.
Na adubação mineral da cana-soca aplicar as indicações do quadro a seguir, observando os resultados da análise de solo e de acordo com a produtividade esperada.
Adubação Mineral da Cana-Soca
Produtividade esperada
Nitrogênio
P resina, mg/dm³
K+ trocável, mmolc/dm³
0-15 > 15
0,15 1,5-3,0 > 3,0
t/ha
N, kg/ha
P2O5, kg/ha
K2O, kg/ha
<> 100
60
80
100
120
30
30
30
30
0
0
0
0
90
110
130
150
60
80
100
120
30
50
70
90
Fonte: Boletim Técnico 100 IAC, 1996
Aplicar os adubos ao lado das linhas de cana, superficialmente e misturado ao solo, no máximo a 10 cm de profundidade.
Se for constatada deficiência de cobre ou de zinco, de acordo com a análise do solo, aplicar os nutrientes com a adubação de plantio, nas quantidades indicadas a seguir:
Zinco no solo
Zn
Cobre no solo
Cu
mg/dm³
kg/ha
mg/dm³
kg/ha
0-0,5
> 0,5
5
0
0-0,2
> 0,2
4
0
Fonte: Boletim Técnico 100 IAC, 1996
Uso de Resíduos da Agroindústria Canavieira
Atualmente há uma tendência em substituir a adubação química das socas pela aplicação de vinhaça, cuja quantidade por hectare esta na dependência da composição química da vinhaça e da necessidade da lavoura em nutrientes.
Os sistemas básicos de aplicação são por infiltração, por veículos e aspersão, sendo que cada sistema apresenta modificações.
A torta de filtro (úmida) pode ser aplicada em área total (80-100 t/ha), em pré-plantio, no sulco de plantio (15-30 t/ha) ou nas entrelinhas (40-50 t/ha). Metade do fósforo aí contido pode ser deduzido da adubação fosfatada recomendada. (Boletim Técnico 100 IAC, 1996)
Plantio
Existem duas épocas de plantio para a região Centro-Sul: setembro-outubro e janeiro a março. Setembro-outubro não é a época mais recomendada, sendo indicada em casos de necessidade urgente de matéria prima, quer por recente instalação ou ampliação do setor industrial, quer por comprometimento de safra devido à ocorrência de adversidade climática. Plantios efetuados nessa época propiciam menor produtividade agrícola e expõem a lavoura à maior incidência de ervas daninhas, pragas, assoreamento dos sulcos e retardam a próxima colheita.
O plantio da cana de "ano e meio" é feito de janeiro a março, sendo o mais recomendado tecnicamente. Além de não apresentar os inconvenientes da outra época, permite um melhor aproveitamento do terreno com plantio de outras culturas. Em regiões quentes, como o oeste do Estado de São Paulo, essa época pode ser estendida para os meses subseqüentes, desde que haja umidade suficiente.
O espaçamento entre os sulcos de plantio é de 1,40 m, sua profundidade de 20 a 25 cm e a largura é proporcionada pela abertura das asas do sulcador num ângulo de 45º, com pequenas variações para mais ou para menos, dependendo da textura do solo.
Os colmos com idade de 10 a 12 meses são colocados no fundo do sulco, sempre cruzando a ponta do colmo anterior com o pé do seguinte e picados, com podão, em toletes de aproximadamente de três gemas.
A densidade do plantio é em torno de 12 gemas por metro linear de sulco, que, dependendo da variedade e do seu desenvolvimento vegetativo, corresponde a um gasto de 7-10 toneladas por hectare.
Os toletes são cobertos com uma camada de terra de 7 cm, devendo ser ligeiramente compactada. Dependendo do tipo de solo e das condições climáticas reinantes, pode haver uma variação na espessura dessa camada.
Tratos Culturais
Os tratos culturais na cana-planta limitam-se apenas ao controle das ervas daninhas, adubação em cobertura e adoção de uma vigilância fitossanitária para controlar a incidência do carvão. No que concerne à adubação em cobertura, já foi visto no item adubação e a vigilância fitossanitária será comentada em doenças e seu controle.
O período crítico da cultura, devido à concorrência de ervas daninhas, vai da emergência aos 90 dias de idade.
O controle mais eficiente as ervas, nesse período, é o químico, através da aplicação de herbicidas em pré-emergência, logo após o plantio e em área total. Dependendo das condições de aplicação, infestação da gleba e eficiência do praguicida, há necessidade de uma ou mais carpas mecânicas e catação manual até o fechamento da lavoura. A partir dai a infestação de ervas é praticamente nula.
Outro método é a combinação de carpas mecânicas e manuais. Instalada a cultura, após o surgimento do mato, procede-se seu controle mecanicamente, com o emprego de cultivadores de disco ou de enxadas junto às entrelinhas, sendo complementado com carpa manual nas linhas de plantio, evitando, assim, o assoreamento do sulco. Essa operação é repetida quantas vezes forem necessárias; normalmente três controles são suficientes.
As soqueiras exigem enleiramento do "paliço", permeabilização do solo, controle das ervas daninhas, adubação e vigilância sanitária. Os dois últimos tratos culturais encontram-se em itens próprios.
Após a colheita da cana, ficam no terreno restos de palha, folhas e pontas, cuja permanência prejudica a nova brotação e dificulta os tratos culturais. A maneira de eliminar esse material (paliço) seria a queima pelo fogo, porém essa prática não é indicada devido aos inconvenientes que ela acarreta, como falhas na brotação futura, perdas de umidade e matéria orgânica do solo e quebra do equilíbrio biológico.
O enleiramento consiste no amontoamento em uma rua do "paliço" deixando duas, quatro ou seis ruas livres, dependendo da quantidade desse material. É realizado por enleiradeira tipo Lely, implemento leve com pouca exigência de potência.
Após a retirada da cana, o solo fica superficialmente compactado e impermeável à penetração de água, ar e fertilizantes. Visando à permeabilização do solo e controle das ervas daninhas iniciais, diversos métodos e implementos podem ser usados.
Existem no mercado implementos dotados de hastes semi-subsoladoras ou escarificadoras, adubadeiras e cultivadores que realizam simultaneamente, operações de escarificação, adubação, cultivo e preparo do terreno para receber a carpa química, exigindo, para tanto, tratores de aproximadamente 90 HPs. Normalmente, essa prática, conhecida como operação tríplice, seguida do cultivo químico, é suficiente para manter a soqueira no limpo.
Além desse sistema, o emprego de cultivadores ou enxadas rotativas com tração animal ou mecânica apresenta bons resultados. Devido ao rápido crescimento das soqueiras, o número de carpas exigidos é menor que o da cana planta.
Pragas e seu controle
A cana-de-açúcar é atacada por cerca de 80 pragas, porém pequeno número causa prejuízos à cultura. Dependendo da espécie da praga presente no local, bem como do nível populacional dessa espécie, as pragas de solo podem provocar importantes prejuízos à cana-de-açúcar, com reduções significativas nas produtividades agrícola e industrial dessa cultura.
Dos organismos que a atacam, três merecem destaque pelos danos que causam: os nematóides, os cupins e o besouro Migdolus. Veja mais detalhes em Pragas da Cana-de-Açúcar.
Colheita
A colheita inicia-se em maio e em algumas unidades sucroalcooleiras em abril, prolongando-se até novembro, período em que a planta atinge o ponto de maturação, devendo, sempre que possível, antecipar o fim da safra, por ser um período bastante chuvoso, que dificulta o transporte de matéria prima e faz cair o rendimento industrial.
Maturadores Químicos
São produtos químicos que tem a propriedade de paralisar o desenvolvimento da cana induzindo a translocação e o armazenamento dos açúcares. Vêm sendo utilizados como um instrumento auxiliar no planejamento da colheita e no manejo varietal. Muitos compostos apresentam, ainda, ação dessecante, favorecendo a queima e diminuindo, portanto, as impurezas vegetais. Há uma ação inibidora do florescimento, em alguns casos, viabilizando a utilização de variedades com este comportamento.
Dentre os produtos comerciais utilizados como maturadores, podemos citar: Ethepon, Polaris, Paraquat, Diquat, Glifosato e Moddus. Estudos sobre a época de aplicação e dosagens vêm sendo conduzidos com o objetivo de aperfeiçoar a metodologia de manejo desses produtos, que podem representar acréscimos superiores a 10% no teor de sacarose.
Determinação do Estágio de Maturação
O ponto de maturação pode ser determinado pelo refratômetro de campo e complementado pela análise de laboratório. Com a adoção do sistema de pagamento pelo teor de sacarose, há necessidade de o produtor conciliar alta produtividade agrícola com elevado teor de sacarose na época da colheita.
O refratômetro fornece diretamente a porcentagem de sólidos solúveis do caldo (Brix). O Brix esta estreitamente correlacionado ao teor de sacarose da cana.
A maturação ocorre da base para o ápice do colmo. A cana imatura apresenta valores bastante distintos nesses seguimentos, os quais vão se aproximando no processo de maturação. Assim, o critério mais racional de estimar a maturação pelo refratômetro de campo é pelo índice de maturação (IM), que fornece o quociente da relação.
IM=Brix da ponta do colmo
Brix da base do colmo
Admitem-se para a cana-de-açúcar, os seguintes estágios de maturação:
IM
Estágio de Maturação
<> 1,00
cana verde
cana em maturação
cana madura
cana em declínio de maturação
As determinações tecnológicas em laboratório (brix, pol, açúcares redutores e pureza) fornecem dados mais precisos da maturação, sendo, a rigor, uma confirmação do refratômetro de campo.
Operação de Corte (manual e/ou mecanizada)
O corte pode ser manual, com um rendimento médio de 5 a 6 toneladas/homem/dia, ou mecanicamente, através de colheitadeiras. Existem basicamente dois tipos: colheitadeira para cana inteira, com rendimento operacional médio em condições normais de 20 t/hora, e colheitadeiras para cana picada (automotrizes), com rendimento de 15 a 20 t/hora.
Após o corte, a cana-de-açúcar deve ser transportada o mais rápido possível ao setor industrial, por meio de caminhão ou carreta tracionada por trator.
Rendimento Agrícola
Em relação à produtividade e região de plantio, observamos que a produtividade está estritamente relacionada com o ambiente de produção, e este é dado por padrão do solo, clima e nível tecnológico aplicado.
Produção de Mudas
Após, em média, quatro ou cinco cortes consecutivos, a lavoura canavieira precisa ser renovada. A taxa de renovação está ao redor de 15 a 20% da área total cultivada, exigindo grandes quantidades de mudas. A boa qualidade das mudas é o fator de produção de mais baixo custo e que maior retorno econômico proporciona ao agricultor, principalmente quando produzida por ele próprio.
Para a produção de mudas, há necessidade de que o material básico seja de boa procedência, com idade de 10 a 12 meses, sadio, proveniente de cana-planta ou primeira soca e que tenha sido submetido ao tratamento térmico.
A tecnologia empregada na produção de mudas é praticamente a mesma dispensada à lavoura comercial, apenas com a introdução de algumas técnicas fitossanitárias, tais como:
- Desinfecção do podão - o podão utilizado na colheita de mudas e no seu corte em toletes, quando contaminado, é um violento propagador da escaldadura e do raquitismo. Antes e durantes estas operações deve-se desinfetar o podão, através de álcool, formol, lisol, cresol ou fogo. Uma desinfecção prática, eficiente e econômica é feita pela imersão do instrumento numa solução com creolina a 10% (18 litros de água + 2 litros de creolina) durante meia hora, antes do início da colheita das mudas e do corte das mesmas em toletes.
Durante essas duas operações, deve-se mergulhar, freqüente e rapidamente, o podão na solução.
- Vigilância sanitária e "roguing" - formando o viveiro, torna-se imprescindível a realização de inspeções sanitárias freqüentes, no mínimo uma vez por mês. A finalidade dessas inspeções é a erradicação de toda touceira que exiba sintoma patológico ou características diferentes da variedade em cultivo.
Além dessas duas medidas fitossanitárias, algumas recomendações agronômicas devem ser levadas em consideração, como a despalha manual das mudas, menor densidade das mudas dentro do sulco e maior parcelamento do fertilizante nitrogenado.
- Rotação de culturas - durante a reforma do canavial, no período em que o terreno permanece ocioso, deve-se efetuar o plantio de culturas de ciclo curto, em rotação com a cana-de-açúcar. Amendoim e soja são as mais indicadas.
Além dos conhecidos benefícios agronômicos proporcionados pela rotação de culturas, a cana-de-açúcar permite a consorciação com outra cultura, aproveitando o terreno numa época em que estaria ocioso, proporcionando melhor aproveitamento de máquinas e implementos. A implantação da cultura é feita sem gasto financeiro correspondente ao preparo do solo, havendo menor exposição do terreno à erosão e às ervas daninhas e diminuição da sazonalidade de empregos.
cancro cítrico (Rui Lucas)
O Cancro Cítrico é uma doença causada pela bactéria Xanthomonas axonopodis pv. citri, que provoca lesões nas folhas, frutos e ramos e, conseqüentemente a queda dos frutos e folhas e da produção. A bactéria do Cancro é de fácil disseminação e um de seus vetores é o homem. Altamente contagiosa, ela é resistente e consegue sobreviver em vários ambientes por mais de 9 meses. Se esse ambiente for a própria fruta, folha ou ramo que foi retirado de uma planta contaminada, a sobrevivência da bactéria é ainda maior.
Sintomas
As lesões provocadas pelo Cancro são salientes, o que não ocorre em outras doenças e pragas. Os primeiros sintomas aparecem normalmente nas folhas.
Sintoma inicial: mancha amarela pequena que cresce aos poucos, ficando com uma coloração marrom no centro.
Nas folhas os sintomas aparecem dos dois lados. As lesões são salientes e ao seu redor, normalmente, surge um anel amarelado
Nos ramos os sintomas são crostas de cor parda, também salientes.
No fruto os sintomas são salientes, mas superficiais. Em um estágio avançado, as lesões provocam o rompimento da casca
Como a bactéria se dissemina:
A bactéria causadora do cancro se espalha de forma muito fácil e o maior agente dessa disseminação é o próprio homem, por meio do trânsito indiscriminado de pessoas pelos pomares, materiais de colheita e veículos. Folhas, ramos e frutos jovens são preferidos pela bactéria pois ela consegue penetrar através de aberturas naturais dos tecidos. Para que penetre em folhas, frutos e ramos mais velhos é preciso haver ferimentos, causados normalmente por material de colheita (escadas, sacolas), veículos que esbarram nas árvores, pelo vento e, principalmente, pela Larva Minadora dos Citros.
Como se dissemina dentro do pomar:
Por meio de chuvas e ventos fortes, material de colheita, implementos, veículos que transitam pela propriedade e pelo homem.
A disseminação de um pomar para outro:
O maior meio de disseminação da doença entre propriedades são mudas contaminadas, mas devem ser considerados também chuvas e ventos, equipamentos, veículos e restos de colheita.
O citricultor precisa dobrar a vigilância na época da colheita, quando aumenta o trânsito de equipamentos, veículos e frutos por todo o estado.
Controle:
Como não existe método curativo para a doença, a única forma de eliminar o Cancro Cítrico é por meio da erradicação do material contaminado. Por essa razão o citricultor deve estar atento às medidas de prevenção e não esquecer da inspeção rotineira.
Métodos de contenção da disseminação da doença usados anteriormente, como a poda drástica e a desfolha química foram suspensos pois não estavam evitando a recontaminação das plantas. Essa decisão foi tomada pela Campanha Nacional de Erradicação do Cancro Cítrico (CANECC) e vai vigorar por tempo indeterminado.
No entanto, a erradicação da árvore contaminada não garante a eliminação da bactéria causadora do Cancro. Por isso, é importante eliminar também as rebrotas que surgem na área onde foi realizado o arranquio e queima das árvores. Essas rebrotas podem estar contaminadas pelo cancro cítrico.
Todo o material (como enxadas), máquinas e implementos (trator e grade) usados na eliminação das rebrotas devem ser pulverizados com bactericida.
A área (talhão) onde o foco da doença foi encontrado fica temporariamente interditada. Os demais talhões podem ser comercializados, depois de inspecionados. Não é permitido o replantio de citros por um período de dois anos somente nas áreas que tiveram plantas erradicadas por causa da doença.
A solução está na prevenção:
A bactéria pode se espalhar rapidamente por toda a propriedade, portanto, para evitar grandes prejuízos o produtor deve adotar todas as medidas de prevenção:
1 -O maior meio de disseminação está nas mudas. O citricultor deve comprar suas mudas apenas em viveiros telados que adotem medidas preventivas contra doenças e pragas.
2 -De preferência tenha seu próprio material de colheita. Qualquer equipamento vindo de fora, como caixas, sacolas e escadas, deve passar pela desinfecção com bactericida (amônia quaternária).
3 -Durante a colheita aumente a vigilância na propriedade. Evite o trânsito pelo pomar de pessoas e veículos que não passaram pelo processo de desinfecção.
4 -Para a entrada de veículos na propriedade deve-se usar o arco rodolúvio ou adotar o pulverizador manual, de menor custo, para pulverização com bactericidas.
5 -Para os trabalhadores que vêm de fora, o correto é fazer uma troca de roupa quando entram na propriedade, e a desinfecção dos calçados antes de entrarem no pomar.
6 -O ideal é que caminhões não entrem no pomar durante a colheita. Veículos grandes esbarram nas árvores provocando ferimentos que facilitam a infecção pela bactéria. O citricultor pode construir um bin na fronteira de sua propriedade ou em barrancos.
7 -A Larva Minadora provoca ferimentos que servem de porta de entrada para a bactéria do Cancro. É preciso observar constantemente a vegetação nova e quando constatada a presença da larva inicie o controle químico.
8 -O plantio de árvores de grande porte nas fronteiras evita a ação do vento e da poeira sobre o pomar e serve como uma cerca viva para impedir a entrada de veículos estranhos na propriedade. Os quebra-ventos protegem uma distância dez vezes maior que sua altura.
9 -Quanto mais cedo o Cancro Cítrico for descoberto menor será o prejuízo para o citricultor e seus vizinhos. Por esse motivo, não deixe de fazer inspeções rotineiras em seu pomar.
10 -Ao menor sinal da doença acione o Fundecitrus, mesmo que seja apenas uma desconfiança. Material sob suspeita não deve, em hipótese alguma, ser retirado do local.
Faça inspeções rotineiras em seu pomar:
Desde a safra de 1998 foi instituído o Laudo de Auto-Inspeção do Pomar Cítrico, obrigatório para a comercialização da fruta nas indústrias e packing-houses. O laudo foi criado para conscientizar o citricultor da necessidade de inspeção constante, uma das formas mais eficientes de prevenção do Cancro Cítrico. Ela é simples e deve ser feita com freqüência porque quanto mais cedo a doença for descoberta, menor o prejuízo no pomar.
Veja como fazer:
Todas as ruas do pomar devem ser inspecionadas.
Os inspetores devem ser orientados antes do trabalho.
A vistoria deve ser feita de cinco em cinco plantas -- inspeciona uma e pula quatro. Mas lembre-se: essas quatro árvores também devem ser observadas (veja a imagem).
Em cada rua participam dois inspetores.
Cada um inspeciona uma metade da mesma planta.
Compare os sintomas da planta com os que estão no cartão de identificação da doença (que pode ser solicitado ao Fundecitrus ou obtido em um dos seus Centros de Apoio).
O rendimento na inspeção vai depender do tamanho das árvores. É muito importante que toda a planta seja bem observada.
Mesmo em caso de dúvida avise ao Fundecitrus.
A inspeção é fundamental, mas perde seu efeito se não for acompanhada das outras medidas preventivas citadas acima.
IMPORTANTE:
Citricultores que adotam medidas de prevenção dificilmente terão plantas contaminadas em suas propriedades.
Pequenos sitiantes, com poucos pés de citros em sua propriedade, também devem ficar atentos aos sintomas do Cancro, pois ele é uma grande ameaça à citricultura brasileira.
Caso encontre sintomas do Cancro em seu pomar, o citricultor deve notificar a Secretaria Estadual da Agricultura ou o Fundecitrus.
Qualquer suspeita, entre em contato com o Fundecitrus
ou um dos seus Centros de Apoio Fitossanitário.
CARBÚNCULO SINTOMÁTICO (Nome:Jeferson Gustavo de Oliveira.)
Clostridium chauvoei causa uma infecção conhecida no Brasil como “manqueira” e geralmente
desenvolve-se em bovinos entre os 6 meses e 2 anos de idade, raramente acomete animais com
menos de 6 meses de vida, sendo que a mortalidade é de quase 100%. Um animal de um ano de
idade e sem raça definida, vacinado contra as clostridioses entre 10 a 15 dias antes de ser atendido
na Clínica de Bovinos do Centro de Pesquisa e Diagnóstico de Enfermidades de Ruminantes
(CPDER), FMVZ-USP, apresentava dificuldade de locomoção do membro anterior direito, sendo
que na região acometida observou-se mionecrose com crepitação ao toque, e alterações na
temperatura do membro acometido. O animal foi tratado com antibioticoterapia sistêmica e limpezado local da ferida obtendo cura das lesões após 6 meses do início do tratamento, sendo confirmadoo diagnóstico de clostridiose pelo isolamento bacteriano do Clostridium chauvoei.
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Liliopsida
Ordem: Poales
Família: Poaceae
Género: Saccharum
Espécies[1]
S. spontaneum
S. robustum
S. officinarum
S. barberi
S. sinense
S. edule
Lista completa
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A cana-de-açúcar é uma planta que pertence ao gênero Saccharum L.. Há pelo menos seis espécies do gênero, sendo a cana-de-açúcar cultivada um híbrido multiespecífico, recebendo a designação Saccharum spp. As espécies de cana-de-açúcar são provenientes do Sudeste Asiático. A planta é a principal matéria-prima para a fabricação do açúcar e álcool (etanol).
É uma planta da família Poaceae, representada pelo milho, sorgo, arroz e muitas outras gramas. As principais características dessa família são a forma da inflorescência (espiga), o crescimento do caule em colmos, e as folhas com lâminas de sílica em suas bordas e bainha aberta.
É uma das culturas agrícolas mais importantes do mundo tropical[carece de fontes?], gerando centenas de milhares de empregos diretos. É fonte de renda e desenvolvimento, embora nitidamente concentradora de renda. Na região de Ribeirão Preto, a principal zona produtora do Brasil,[2] 98.228 pessoas tinham renda inferior a R$ 100 mensais até 2007.[3]
A principal característica da indústria canavieira é a expansão por meio do latifúndio, resultado da alta concentração de terras nas mãos de poucos proprietários, mormente conseguida através da incorporação de pequenas propriedades, gerando por sua vez êxodo rural.
Geralmente, as plantações ocupam vastas áreas contíguas, isolando e/ou suprimindo as poucas reservas de matas restantes, estando muitas vezes ligadas ao desmatamento de nascentes ou sobre áreas de mananciais. Os problemas com as queimadas, praticadas anteriormente ao corte para a retirada das folhas secas, são uma constante nas reclamações de problemas respiratórios nas cidades circundadas por essa monocultura. Ademais, o retorno social da agroindústria como um todo, é mais pernicioso que benéfico para a maioria da população.
O setor sucroalcooleiro brasileiro despertou o interesse de diversos países, principalmente pelo baixo custo de produção de açúcar e álcool. Este último tem sido cada vez mais importado por nações de primeiro mundo, que visam reduzir a emissão de poluentes na atmosfera e a dependência de combustíveis fósseis. Todavia, o baixo custo é conseguido, por vezes, pelo emprego de mão-de-obra assalariada de baixíssima remuneração e em alguns casos há até seu uso com características de escravidão por dívida.[4]
No Brasil, a agroindústria da cana-de-açúcar tem adotado políticas de preservação ambiental que são exemplos mundiais na agricultura[carece de fontes?], embora nessas políticas não estejam contemplados os problemas decorrentes da expansão acelerada sobre vastas regiões e o prejuízo decorrente da substituição da agricultura variada de pequenas propriedades pela monocultura. Já existem diversas usinas brasileiras que comercializam crédito de carbono, dada a eficiência ambiental.
As queimadas também têm diminuído aumento de denúncias e endurecimento da fiscalização, embora muitas dessas denúncias terminem sem uma penalização formal. Em cidades como Ribeirão Preto, Araraquara, Barretos, Franca, Jaboticabal e Ituverava, as multas e advertências a usinas e produtores que queimam seus canaviais cresceram 27% em 2009 em relação a 2008, segundo levantamento da Cetesb.[5]
Para renovação do cultivo, algumas indústrias canavieiras fazem, a cada quatro ou cinco anos, plantios de leguminosas(soja) que recuperam o solo pela fixação de nitrogênio. Quanto aos problemas advindos da queima controlada na época do corte, existe já um movimento em direção à mecanização da colheita que aumenta de ano para ano,além de rigorosos protocolos que prevem o fim da queima até o ano de 2014.
PORQUE PREOCUPAR-SE COM A BRUCELOSE BOVINA?
Compondo o grupo das zoonoses, doenças transmitidas dos animais ao homem, a brucelose é causada por uma bactéria, que pode alojar-se dentro das células de defesa, o que dificulta seu controle. Devido à inespecificidade de sintomas, torna-se difícil o diagnóstico no homem, sendo conhecida como “Doença das mil faces”. Na fase inicial, o indivíduo enfermo pode apresentar sintomas como fraqueza, mal-estar, dores musculares e articulares, cefaléia e febre intermitente. O quadro pode evoluir e, geralmente, o tratamento é prolongado.
O consumidor pode contrair a brucelose, através da ingestão de leite cru e derivados, preparados com leite que não foi submetido à tratamento térmico, onde a bactéria pode persistir durante vários meses. Em diversas regiões do Brasil é comum as pessoas consumirem produtos de origem animal, que não sofreram inspeção pelos órgãos e profissionais competentes. O comércio clandestino destes produtos constitui ameaça à saúde pública.
Vale ressaltar que a brucelose humana é de caráter principalmente ocupacional, ou seja, o grupo de maior risco é composto pelas pessoas que lidam diretamente com os animais infectados, como veterinários, criadores e tratadores, e ainda os que trabalham com produtos de origem animal. Portanto, a manipulação de leite e derivados ou carne contaminada, também pode levar à transmissão da doença ao homem.
A brucelose não é transmitida habitualmente de um ser humano a outro e, portanto, a profilaxia no homem deve ser feita pelo controle da doença nos animais. Uma das principais medidas de controle é a vacinação, obrigatória em todas as fêmeas bovinas e bubalinas de 3 a 8 meses de idade, sendo utilizada a vacina B19. Sem o certificado de vacinação, as fêmeas não podem participar de leilões e demais eventos.
Outra importante forma de controle da brucelose bovina é a eliminação dos animais reagentes positivos aos testes sorológicos. Estes exames diagnósticos devem ser realizados por médico veterinário habilitado, sempre que forem adquiridas fêmeas com idade igual ou superior a 24 meses, vacinadas entre três e oito meses de idade, e em fêmeas não vacinadas e machos com idade igual ou superior a oito meses. Muitas vezes, a introdução da brucelose no rebanho faz-se a partir da compra de bovinos aparentemente sãos que, no entanto, estão infectados pela bactéria Brucella abortus. A emissão de Guia de Trânsito Animal (GTA) fica condicionada à apresentação de atestados de exames negativos para brucelose.
A brucelose bovina encontra-se disseminada por todo o território nacional, sendo uma das principais causas de aborto em vacas. Animais sexualmente maduros, especialmente vacas prenhes, são mais suscetíveis à infecção, porém touros também adquirem a doença, podendo desenvolver inflamação dos testículos. Quanto aos bezerros, aqueles que não adquirem a doença via intra-uterina, ao ingerir leite de vacas brucélicas, poderão infectar-se. Estes animais só manifestarão sintomas de brucelose na fase da maturidade sexual, parecendo, até então, animais saudáveis, porém tornar-se-ão fontes de infecção para o rebanho.
Animais com brucelose podem parecer saudáveis mesmo sendo fonte de infecção para o rebanho
A infecção por B. abortus em bovinos ocorre principalmente pela ingestão de alimentos e água contaminados com produtos de aborto, como fetos, descargas uterinas e restos placentários. Nas vacas brucélicas a primeira, e muitas vezes, a segunda gestação terminam em aborto, sendo eliminadas as bactérias junto à placenta, contaminando os pastos e consequentemente, os animais do rebanho. As gestações seguintes normalmente ocorrem sem grandes problemas, aparentando que o animal está curado ou, ainda, que ocorreu apenas algum problema de menor importância na prenhez anterior. Porém, apesar de não apresentar sinais clínicos, estas vacas continuam eliminando bactérias e contaminando o ambiente.
A brucelose bovina tem importância sócio-econômica e de saúde pública para o Brasil, podendo determinar consequências significativas para o comércio internacional de animais e seus produtos. Somente em 2004, no Brasil, foram diagnosticados 81.298 casos. Estima-se que esta enfermidade leve a redução de 20 a 25 % na produção leiteira, devido aos abortos, mortalidade de bezerros e demais problemas de fertilidade, determinando assim, importantes prejuízos econômicos à pecuária nacional.
O leite é um dos alimentos mais completos, devendo ter garantia de qualidade para segurança do consumidor. Uma das medidas mais importantes para assegurar a qualidade dos produtos de origem animal é a educação sanitária, pois visa a conscientização dos diversos profissionais envolvidos neste setor, bem como da população consumidora.
(Saccharum hibridas)
Introdução
Originária do sudeste da Ásia, onde é cultivada desde épocas remotas, a exploração canavieira assentou-se, no início, sobre a espécie S. officinarum. O surgimento de várias doenças e de uma tecnologia mais avançada exigiram a criação de novas variedades, as quais foram obtidas pelo cruzamento da S. officinarum com as outras quatro espécies do gênero Saccharum e, posteriormente, através de recruzamentos com as ascendentes.
Os trabalhos de melhoramento persistem até os dias atuais e conferem a todas as variedades em cultivo uma mistura das cinco espécies originais e a existência de cultivares ou variedades híbridas.
A importância da cana de açúcar pode ser atribuída à sua múltipla utilização, podendo ser empregada in natura, sob a forma de forragem, para alimentação animal, ou como matéria prima para a fabricação de rapadura, melado, aguardente, açúcar e álcool.
Clima e Solo
A cana-de-açúcar é cultivada numa extensa área territorial, compreendida entre os paralelos 35º de latitude Norte e Sul do Equador, apresentando melhor comportamento nas regiões quentes. O clima ideal é aquele que apresenta duas estações distintas, uma quente e úmida, para proporcionar a germinação, perfilhamento e desenvolvimento vegetativo, seguido de outra fria e seca, para promover a maturação e conseqüente acumulo de sacarose nos colmos.
Solos profundos, pesados, bem estruturados, férteis e com boa capacidade de retenção são os ideais para a cana-de-açúcar que, devido à sua rusticidade, se desenvolve satisfatoriamente em solos arenosos e menos férteis, como os de cerrado. Solos rasos, isto é, com camada impermeável superficial ou mal drenados, não devem ser indicados para a cana-de-açúcar.
Para trabalhar com segurança em culturas semi-mecanizadas, que constituem a maioria das nossas explorações, a declividade máxima deverá estar em torno de 12% ; declividade acima desse limite apresentam restrições às práticas mecânicas.
Para culturas mecanizadas, com adoção de colheitadeiras automotrizes, o limite máximo de declividade cai para 8 a 10%.
Cultivares
Um dos pontos que merece especial atenção do agricultor é a escolha do cultivar para plantio. Isso não só pela sua importância econômica, como geradora de massa verde e riqueza em açúcar, mas também pelo seu processo dinâmico, pois anualmente surgem novas variedades, sempre com melhorias tecnológicas quando comparadas com aquelas que estão sendo cultivadas. Dentre as várias maneiras para classificação dos cultivares de cana, a mais prática é quanto à época da colheita.Quando apresentarem longo Período de Utilização Industrial (PUI), a indicação de alguns cultivares ocorrerá para mais de uma época.
Atualmente os cultivares mais indicados para São Paulo e Estados limítrofes são:
para início de safra: SP80-3250, SP80-1842, RB76-5418, RB83-5486, RB85-5453 e RB83-5054
para meio de safra: SP79-1011, SP80-1816, RB85-5113 e RB85-5536
para fim de safra: SP79-1011, SP79-2313, SP79-6192, RB72-454, RB78-5148, RB80-6043 e RB84-5257
Os cultivares SP79-2313, RB72-454, RB78-5148, RB80-6043 e RB83-5486 caracterizam-se pela baixa exigência em fertilidade de solo.
Preparo do Terreno
Tendo a cana-de-açúcar um sistema radicular profundo, um ciclo vegetativo econômico de quatro anos e meio ou mais e uma intensa mecanização que se processa durante esse longo tempo de permanência da cultura no terreno, o preparo do solo deve ser profundo e esmerado. Convém salientar que as unidades sucroalcooleiras não seguem uma linha uniforme de preparo do solo, tendo cada uma seu sistema próprio, variação essa que ocorre em função do tipo de solo predominante e da disponibilidade de máquinas e implementos.
No preparo do solo, temos de considerar duas situações distintas:
- a cana vai ser implantada pela primeira vez;
- o terreno já se encontra ocupado com cana.
No primeiro caso, faz-se uma aração profunda, com bastante antecedência do plantio, visando à destruição, incorporação e decomposição dos restos culturais existentes, seguida de gradagem, com o objetivo de completar a primeira operação. Em solos argilosos é normal a existência de uma camada impermeável, a qual pode ser detectada através de trincheiras abertas no perfil do solo, ou pelo penetrômetro.
Constatada a compactação do solo, seu rompimento se faz através de subsolagem, que só é aconselhada quando a camada adensada se localizar a uma profundidade entre 20 e 50 cm da superfície e com solo seco.
Nas vésperas do plantio, faz-se nova gradagem, visando ao acabamento do preparo do terreno e à eliminação de ervas daninhas.
Na segunda situação, onde a cultura da cana já se encontra instalada, o primeiro passo é a destruição da soqueira, que deve ser realizada logo após a colheita. Essa operação pode ser feita por meio de aração rasa (15-20 cm) nas linhas de cana, seguidas de gradagem ou através de gradagem pesada, enxada rotativa ou uso de herbicida.
Se confirmada a compactação do solo, a subsolagem torna-se necessária. Nas vésperas do plantio procede-se a uma aração profunda (25-30 cm), por meio de arado ou grade pesada. Seguem-se as gradagens necessárias, visando manter o terreno destorroado e apto ao plantio.
Devido à facilidade de transporte, à menor regulagem e ao maior rendimento operacional, há uma tendência das grades pesadas substituírem o arado.
Calagem
A necessidade de aplicação de calcário é determinada pela análise química do solo, devendo ser utilizado para elevar a saturação por bases a 60%. Se o teor de magnésio for baixo, dar preferência ao calcário dolomítico.
O calcário deve ser aplicado o mais uniforme possível sobre o solo. A época mais indicada para aplicação do calcário vai desde o último corte da cana, durante a reforma do canavial, até antes da última gradagem de preparo do terreno. Dentro desse período, quanto mais cedo executada maior será sua eficiência.
Adubação
Para a cana de açúcar há a necessidade de considerar duas situações distintas, adubação para cana-planta e para soqueiras, sendo que, em ambas, a quantificação será determinada pela análise do solo.
Para cana-planta, o fertilizante deverá ser aplicado no fundo do sulco de plantio, após a sua abertura, ou por meio de adubadeiras conjugadas aos sulcadores em operação dupla.
No quadro a seguir são indicadas as quantidades de nitrogênio, fósforo e potássio a serem aplicadas com base na análise do solo e de acordo com a produtividade esperada.
Adubação Mineral de Plantio
Produtividade esperada
Nitrogênio
P resina, mg/dm³
0 - 6
7 - 15
16 - 40
>40
t/ha
N, kg/ha
P2O5, kg/ha
<100
100 - 150
>150
30
30
30
180
180
*
100
120
140
60
80
100
40
60
80
Produtividade esperada
K+ trocável, mmolc/dm³
0 - 0,7
0,8 - 1,5
1,6 - 3,0
3,1 - 6,0
>6,0
t/ha
K2O, kg/ha
<100
100 - 150
>150
100
150
200
80
120
160
40
80
120
40
60
80
0
0
0
* Não é provável obter a produtividade dessa classe, com teor muito baixo de P no solo
Fonte: Boletim Técnico 100 IAC, 1996
Aplicar mais 30 a 60 kg/ha de N, em cobertura, durante o mês de abril; em solo arenoso dividir a cobertura, aplicando metade do N em abril e a outra metade em setembro - outubro.
Adubações pesadas de K2O devem ser parceladas, colocando no sulco de plantio até 100 kg/ha e o restante juntamente com o N em cobertura, durante o mês de abril.
Para soqueira, a adubação deve ser feita durante os primeiros tratos culturais, em ambos os lados da linha de cana; quando aplicada superficialmente, deve ser bem misturada com a terra ou alocada até a profundidade de 15 cm.
Na adubação mineral da cana-soca aplicar as indicações do quadro a seguir, observando os resultados da análise de solo e de acordo com a produtividade esperada.
Adubação Mineral da Cana-Soca
Produtividade esperada
Nitrogênio
P resina, mg/dm³
K+ trocável, mmolc/dm³
0-15 > 15
0,15 1,5-3,0 > 3,0
t/ha
N, kg/ha
P2O5, kg/ha
K2O, kg/ha
< 60
60 - 80
80 - 100
> 100
60
80
100
120
30
30
30
30
0
0
0
0
90
110
130
150
60
80
100
120
30
50
70
90
Fonte: Boletim Técnico 100 IAC, 1996
Aplicar os adubos ao lado das linhas de cana, superficialmente e misturado ao solo, no máximo a 10 cm de profundidade.
Se for constatada deficiência de cobre ou de zinco, de acordo com a análise do solo, aplicar os nutrientes com a adubação de plantio, nas quantidades indicadas a seguir:
Zinco no solo
Zn
Cobre no solo
Cu
mg/dm³
kg/ha
mg/dm³
kg/ha
0-0,5
> 0,5
5
0
0-0,2
> 0,2
4
0
Fonte: Boletim Técnico 100 IAC, 1996
Uso de Resíduos da Agroindústria Canavieira
Atualmente há uma tendência em substituir a adubação química das socas pela aplicação de vinhaça, cuja quantidade por hectare esta na dependência da composição química da vinhaça e da necessidade da lavoura em nutrientes.
Os sistemas básicos de aplicação são por infiltração, por veículos e aspersão, sendo que cada sistema apresenta modificações.
A torta de filtro (úmida) pode ser aplicada em área total (80-100 t/ha), em pré-plantio, no sulco de plantio (15-30 t/ha) ou nas entrelinhas (40-50 t/ha). Metade do fósforo aí contido pode ser deduzido da adubação fosfatada recomendada. (Boletim Técnico 100 IAC, 1996)
Plantio
Existem duas épocas de plantio para a região Centro-Sul: setembro-outubro e janeiro a março. Setembro-outubro não é a época mais recomendada, sendo indicada em casos de necessidade urgente de matéria prima, quer por recente instalação ou ampliação do setor industrial, quer por comprometimento de safra devido à ocorrência de adversidade climática. Plantios efetuados nessa época propiciam menor produtividade agrícola e expõem a lavoura à maior incidência de ervas daninhas, pragas, assoreamento dos sulcos e retardam a próxima colheita.
O plantio da cana de "ano e meio" é feito de janeiro a março, sendo o mais recomendado tecnicamente. Além de não apresentar os inconvenientes da outra época, permite um melhor aproveitamento do terreno com plantio de outras culturas. Em regiões quentes, como o oeste do Estado de São Paulo, essa época pode ser estendida para os meses subseqüentes, desde que haja umidade suficiente.
O espaçamento entre os sulcos de plantio é de 1,40 m, sua profundidade de 20 a 25 cm e a largura é proporcionada pela abertura das asas do sulcador num ângulo de 45º, com pequenas variações para mais ou para menos, dependendo da textura do solo.
Os colmos com idade de 10 a 12 meses são colocados no fundo do sulco, sempre cruzando a ponta do colmo anterior com o pé do seguinte e picados, com podão, em toletes de aproximadamente de três gemas.
A densidade do plantio é em torno de 12 gemas por metro linear de sulco, que, dependendo da variedade e do seu desenvolvimento vegetativo, corresponde a um gasto de 7-10 toneladas por hectare.
Os toletes são cobertos com uma camada de terra de 7 cm, devendo ser ligeiramente compactada. Dependendo do tipo de solo e das condições climáticas reinantes, pode haver uma variação na espessura dessa camada.
Tratos Culturais
Os tratos culturais na cana-planta limitam-se apenas ao controle das ervas daninhas, adubação em cobertura e adoção de uma vigilância fitossanitária para controlar a incidência do carvão. No que concerne à adubação em cobertura, já foi visto no item adubação e a vigilância fitossanitária será comentada em doenças e seu controle.
O período crítico da cultura, devido à concorrência de ervas daninhas, vai da emergência aos 90 dias de idade.
O controle mais eficiente as ervas, nesse período, é o químico, através da aplicação de herbicidas em pré-emergência, logo após o plantio e em área total. Dependendo das condições de aplicação, infestação da gleba e eficiência do praguicida, há necessidade de uma ou mais carpas mecânicas e catação manual até o fechamento da lavoura. A partir dai a infestação de ervas é praticamente nula.
Outro método é a combinação de carpas mecânicas e manuais. Instalada a cultura, após o surgimento do mato, procede-se seu controle mecanicamente, com o emprego de cultivadores de disco ou de enxadas junto às entrelinhas, sendo complementado com carpa manual nas linhas de plantio, evitando, assim, o assoreamento do sulco. Essa operação é repetida quantas vezes forem necessárias; normalmente três controles são suficientes.
As soqueiras exigem enleiramento do "paliço", permeabilização do solo, controle das ervas daninhas, adubação e vigilância sanitária. Os dois últimos tratos culturais encontram-se em itens próprios.
Após a colheita da cana, ficam no terreno restos de palha, folhas e pontas, cuja permanência prejudica a nova brotação e dificulta os tratos culturais. A maneira de eliminar esse material (paliço) seria a queima pelo fogo, porém essa prática não é indicada devido aos inconvenientes que ela acarreta, como falhas na brotação futura, perdas de umidade e matéria orgânica do solo e quebra do equilíbrio biológico.
O enleiramento consiste no amontoamento em uma rua do "paliço" deixando duas, quatro ou seis ruas livres, dependendo da quantidade desse material. É realizado por enleiradeira tipo Lely, implemento leve com pouca exigência de potência.
Após a retirada da cana, o solo fica superficialmente compactado e impermeável à penetração de água, ar e fertilizantes. Visando à permeabilização do solo e controle das ervas daninhas iniciais, diversos métodos e implementos podem ser usados.
Existem no mercado implementos dotados de hastes semi-subsoladoras ou escarificadoras, adubadeiras e cultivadores que realizam simultaneamente, operações de escarificação, adubação, cultivo e preparo do terreno para receber a carpa química, exigindo, para tanto, tratores de aproximadamente 90 HPs. Normalmente, essa prática, conhecida como operação tríplice, seguida do cultivo químico, é suficiente para manter a soqueira no limpo.
Além desse sistema, o emprego de cultivadores ou enxadas rotativas com tração animal ou mecânica apresenta bons resultados. Devido ao rápido crescimento das soqueiras, o número de carpas exigidos é menor que o da cana planta.
Pragas e seu controle
A cana-de-açúcar é atacada por cerca de 80 pragas, porém pequeno número causa prejuízos à cultura. Dependendo da espécie da praga presente no local, bem como do nível populacional dessa espécie, as pragas de solo podem provocar importantes prejuízos à cana-de-açúcar, com reduções significativas nas produtividades agrícola e industrial dessa cultura.
Dos organismos que a atacam, três merecem destaque pelos danos que causam: os nematóides, os cupins e o besouro Migdolus. Veja mais detalhes em Pragas da Cana-de-Açúcar.
Colheita
A colheita inicia-se em maio e em algumas unidades sucroalcooleiras em abril, prolongando-se até novembro, período em que a planta atinge o ponto de maturação, devendo, sempre que possível, antecipar o fim da safra, por ser um período bastante chuvoso, que dificulta o transporte de matéria prima e faz cair o rendimento industrial.
Maturadores Químicos
São produtos químicos que tem a propriedade de paralisar o desenvolvimento da cana induzindo a translocação e o armazenamento dos açúcares. Vêm sendo utilizados como um instrumento auxiliar no planejamento da colheita e no manejo varietal. Muitos compostos apresentam, ainda, ação dessecante, favorecendo a queima e diminuindo, portanto, as impurezas vegetais. Há uma ação inibidora do florescimento, em alguns casos, viabilizando a utilização de variedades com este comportamento.
Dentre os produtos comerciais utilizados como maturadores, podemos citar: Ethepon, Polaris, Paraquat, Diquat, Glifosato e Moddus. Estudos sobre a época de aplicação e dosagens vêm sendo conduzidos com o objetivo de aperfeiçoar a metodologia de manejo desses produtos, que podem representar acréscimos superiores a 10% no teor de sacarose.
Determinação do Estágio de Maturação
O ponto de maturação pode ser determinado pelo refratômetro de campo e complementado pela análise de laboratório. Com a adoção do sistema de pagamento pelo teor de sacarose, há necessidade de o produtor conciliar alta produtividade agrícola com elevado teor de sacarose na época da colheita.
O refratômetro fornece diretamente a porcentagem de sólidos solúveis do caldo (Brix). O Brix esta estreitamente correlacionado ao teor de sacarose da cana.
A maturação ocorre da base para o ápice do colmo. A cana imatura apresenta valores bastante distintos nesses seguimentos, os quais vão se aproximando no processo de maturação. Assim, o critério mais racional de estimar a maturação pelo refratômetro de campo é pelo índice de maturação (IM), que fornece o quociente da relação.
IM=Brix da ponta do colmo
Brix da base do colmo
Admitem-se para a cana-de-açúcar, os seguintes estágios de maturação:
IM
Estágio de Maturação
< 0,60
0,60 - 0,85
0,85 - 1,00
> 1,00
cana verde
cana em maturação
cana madura
cana em declínio de maturação
As determinações tecnológicas em laboratório (brix, pol, açúcares redutores e pureza) fornecem dados mais precisos da maturação, sendo, a rigor, uma confirmação do refratômetro de campo.
Operação de Corte (manual e/ou mecanizada)
O corte pode ser manual, com um rendimento médio de 5 a 6 toneladas/homem/dia, ou mecanicamente, através de colheitadeiras. Existem basicamente dois tipos: colheitadeira para cana inteira, com rendimento operacional médio em condições normais de 20 t/hora, e colheitadeiras para cana picada (automotrizes), com rendimento de 15 a 20 t/hora.
Após o corte, a cana-de-açúcar deve ser transportada o mais rápido possível ao setor industrial, por meio de caminhão ou carreta tracionada por trator.
Rendimento Agrícola
Em relação à produtividade e região de plantio, observamos que a produtividade está estritamente relacionada com o ambiente de produção, e este é dado por padrão do solo, clima e nível tecnológico aplicado.
Produção de Mudas
Após, em média, quatro ou cinco cortes consecutivos, a lavoura canavieira precisa ser renovada. A taxa de renovação está ao redor de 15 a 20% da área total cultivada, exigindo grandes quantidades de mudas. A boa qualidade das mudas é o fator de produção de mais baixo custo e que maior retorno econômico proporciona ao agricultor, principalmente quando produzida por ele próprio.
Para a produção de mudas, há necessidade de que o material básico seja de boa procedência, com idade de 10 a 12 meses, sadio, proveniente de cana-planta ou primeira soca e que tenha sido submetido ao tratamento térmico.
A tecnologia empregada na produção de mudas é praticamente a mesma dispensada à lavoura comercial, apenas com a introdução de algumas técnicas fitossanitárias, tais como:
- Desinfecção do podão - o podão utilizado na colheita de mudas e no seu corte em toletes, quando contaminado, é um violento propagador da escaldadura e do raquitismo. Antes e durantes estas operações deve-se desinfetar o podão, através de álcool, formol, lisol, cresol ou fogo. Uma desinfecção prática, eficiente e econômica é feita pela imersão do instrumento numa solução com creolina a 10% (18 litros de água + 2 litros de creolina) durante meia hora, antes do início da colheita das mudas e do corte das mesmas em toletes.
Durante essas duas operações, deve-se mergulhar, freqüente e rapidamente, o podão na solução.
- Vigilância sanitária e "roguing" - formando o viveiro, torna-se imprescindível a realização de inspeções sanitárias freqüentes, no mínimo uma vez por mês. A finalidade dessas inspeções é a erradicação de toda touceira que exiba sintoma patológico ou características diferentes da variedade em cultivo.
Além dessas duas medidas fitossanitárias, algumas recomendações agronômicas devem ser levadas em consideração, como a despalha manual das mudas, menor densidade das mudas dentro do sulco e maior parcelamento do fertilizante nitrogenado.
- Rotação de culturas - durante a reforma do canavial, no período em que o terreno permanece ocioso, deve-se efetuar o plantio de culturas de ciclo curto, em rotação com a cana-de-açúcar. Amendoim e soja são as mais indicadas.
Além dos conhecidos benefícios agronômicos proporcionados pela rotação de culturas, a cana-de-açúcar permite a consorciação com outra cultura, aproveitando o terreno numa época em que estaria ocioso, proporcionando melhor aproveitamento de máquinas e implementos. A implantação da cultura é feita sem gasto financeiro correspondente ao preparo do solo, havendo menor exposição do terreno à erosão e às ervas daninhas e diminuição da sazonalidade de empregos."