Cancro Cítrico
O Cancro Cítrico é uma doença causada pela bactéria Xanthomonas axonopodis pv. citri, que provoca lesões nas folhas, frutos e ramos e, conseqüentemente a queda dos frutos e folhas e da produção. A bactéria do Cancro é de fácil disseminação e um de seus vetores é o homem. Altamente contagiosa, ela é resistente e consegue sobreviver em vários ambientes por mais de 9 meses. Se esse ambiente for a própria fruta, folha ou ramo que foi retirado de uma planta contaminada, a sobrevivência da bactéria é ainda maior.
Sintomas
As lesões provocadas pelo Cancro são salientes, o que não ocorre em outras doenças e pragas. Os primeiros sintomas aparecem normalmente nas folhas.
Sintoma inicial: mancha amarela pequena que cresce aos poucos, ficando com uma coloração marrom no centro.
Nas folhas os sintomas aparecem dos dois lados. As lesões são salientes e ao seu redor, normalmente, surge um anel amarelado
Nos ramos os sintomas são crostas de cor parda, também salientes.
No fruto os sintomas são salientes, mas superficiais. Em um estágio avançado, as lesões provocam o rompimento da casca
Como a bactéria se dissemina:
A bactéria causadora do cancro se espalha de forma muito fácil e o maior agente dessa disseminação é o próprio homem, por meio do trânsito indiscriminado de pessoas pelos pomares, materiais de colheita e veículos. Folhas, ramos e frutos jovens são preferidos pela bactéria pois ela consegue penetrar através de aberturas naturais dos tecidos. Para que penetre em folhas, frutos e ramos mais velhos é preciso haver ferimentos, causados normalmente por material de colheita (escadas, sacolas), veículos que esbarram nas árvores, pelo vento e, principalmente, pela Larva Minadora dos Citros.
Como se dissemina dentro do pomar:
Por meio de chuvas e ventos fortes, material de colheita, implementos, veículos que transitam pela propriedade e pelo homem.
A disseminação de um pomar para outro:
O maior meio de disseminação da doença entre propriedades são mudas contaminadas, mas devem ser considerados também chuvas e ventos, equipamentos, veículos e restos de colheita.
O citricultor precisa dobrar a vigilância na época da colheita, quando aumenta o trânsito de equipamentos, veículos e frutos por todo o estado.
Controle:
Como não existe método curativo para a doença, a única forma de eliminar o Cancro Cítrico é por meio da erradicação do material contaminado. Por essa razão o citricultor deve estar atento às medidas de prevenção e não esquecer da inspeção rotineira.
Métodos de contenção da disseminação da doença usados anteriormente, como a poda drástica e a desfolha química foram suspensos pois não estavam evitando a recontaminação das plantas. Essa decisão foi tomada pela Campanha Nacional de Erradicação do Cancro Cítrico (CANECC) e vai vigorar por tempo indeterminado.
No entanto, a erradicação da árvore contaminada não garante a eliminação da bactéria causadora do Cancro. Por isso, é importante eliminar também as rebrotas que surgem na área onde foi realizado o arranquio e queima das árvores. Essas rebrotas podem estar contaminadas pelo cancro cítrico.
Todo o material (como enxadas), máquinas e implementos (trator e grade) usados na eliminação das rebrotas devem ser pulverizados com bactericida.
A área (talhão) onde o foco da doença foi encontrado fica temporariamente interditada. Os demais talhões podem ser comercializados, depois de inspecionados. Não é permitido o replantio de citros por um período de dois anos somente nas áreas que tiveram plantas erradicadas por causa da doença.
A solução está na prevenção:
A bactéria pode se espalhar rapidamente por toda a propriedade, portanto, para evitar grandes prejuízos o produtor deve adotar todas as medidas de prevenção:
1 -O maior meio de disseminação está nas mudas. O citricultor deve comprar suas mudas apenas em viveiros telados que adotem medidas preventivas contra doenças e pragas.
2 -De preferência tenha seu próprio material de colheita. Qualquer equipamento vindo de fora, como caixas, sacolas e escadas, deve passar pela desinfecção com bactericida (amônia quaternária).
3 -Durante a colheita aumente a vigilância na propriedade. Evite o trânsito pelo pomar de pessoas e veículos que não passaram pelo processo de desinfecção.
4 -Para a entrada de veículos na propriedade deve-se usar o arco rodolúvio ou adotar o pulverizador manual, de menor custo, para pulverização com bactericidas.
5 -Para os trabalhadores que vêm de fora, o correto é fazer uma troca de roupa quando entram na propriedade, e a desinfecção dos calçados antes de entrarem no pomar.
6 -O ideal é que caminhões não entrem no pomar durante a colheita. Veículos grandes esbarram nas árvores provocando ferimentos que facilitam a infecção pela bactéria. O citricultor pode construir um bin na fronteira de sua propriedade ou em barrancos.
7 -A Larva Minadora provoca ferimentos que servem de porta de entrada para a bactéria do Cancro. É preciso observar constantemente a vegetação nova e quando constatada a presença da larva inicie o controle químico.
8 -O plantio de árvores de grande porte nas fronteiras evita a ação do vento e da poeira sobre o pomar e serve como uma cerca viva para impedir a entrada de veículos estranhos na propriedade. Os quebra-ventos protegem uma distância dez vezes maior que sua altura.
9 -Quanto mais cedo o Cancro Cítrico for descoberto menor será o prejuízo para o citricultor e seus vizinhos. Por esse motivo, não deixe de fazer inspeções rotineiras em seu pomar.
10 -Ao menor sinal da doença acione o Fundecitrus, mesmo que seja apenas uma desconfiança. Material sob suspeita não deve, em hipótese alguma, ser retirado do local.
Faça inspeções rotineiras em seu pomar:
Desde a safra de 1998 foi instituído o Laudo de Auto-Inspeção do Pomar Cítrico, obrigatório para a comercialização da fruta nas indústrias e packing-houses. O laudo foi criado para conscientizar o citricultor da necessidade de inspeção constante, uma das formas mais eficientes de prevenção do Cancro Cítrico. Ela é simples e deve ser feita com freqüência porque quanto mais cedo a doença for descoberta, menor o prejuízo no pomar.
Veja como fazer:
Todas as ruas do pomar devem ser inspecionadas.
Os inspetores devem ser orientados antes do trabalho.
A vistoria deve ser feita de cinco em cinco plantas -- inspeciona uma e pula quatro. Mas lembre-se: essas quatro árvores também devem ser observadas (veja a imagem).
Em cada rua participam dois inspetores.
Cada um inspeciona uma metade da mesma planta.
Compare os sintomas da planta com os que estão no cartão de identificação da doença (que pode ser solicitado ao Fundecitrus ou obtido em um dos seus Centros de Apoio).
O rendimento na inspeção vai depender do tamanho das árvores. É muito importante que toda a planta seja bem observada.
Mesmo em caso de dúvida avise ao Fundecitrus.
A inspeção é fundamental, mas perde seu efeito se não for acompanhada das outras medidas preventivas citadas acima.
IMPORTANTE:
Citricultores que adotam medidas de prevenção dificilmente terão plantas contaminadas em suas propriedades.
Pequenos sitiantes, com poucos pés de citros em sua propriedade, também devem ficar atentos aos sintomas do Cancro, pois ele é uma grande ameaça à citricultura brasileira.
Caso encontre sintomas do Cancro em seu pomar, o citricultor deve notificar a Secretaria Estadual da Agricultura ou o Fundecitrus.
Qualquer suspeita, entre em contato com o Fundecitrus
ou um dos seus Centros de Apoio Fitossanitário.
segunda-feira, 17 de maio de 2010
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